Enquanto as chamas cresciam sob seu
corpo atado àquela estaca, ele balbuciava assim: “Cristo filho do Deus vivo, tem misericórdia de nós; Cristo filho do
Deus vivo, tem misericórdia de mim; Tu, que nasceste da virgem Maria”.
Era verão de 1415, quando John Huss
foi levado e atado a uma estaca. Aos seus pés foi colocado feno e gravetos, e,
em seguida acenderam o fogo no qual assaram vivo um dos maiores expoentes das
verdades Bíblicas. Porém, o que levou Huss a condenação na fogueira? Ele que
nasceu por volta do ano 1370, de uma família campesina, em Husinec, na Boêmia,
hoje República Tcheca. Seu nome Huss, veio do prefixo do nome de sua cidade
onde nasceu que significava “ganso”. Homem, que muito cedo estudou, se tornando
versado nas escrituras e eloquente pregador do Evangelho de Jesus. A igreja
onde pregava, ganhou o nome de Igreja Belém (casa de pão), exatamente porque os
mais de três mil ouvintes que lotavam o santuário para ouvi-lo, recebiam o pão
da Palavra de Deus através de suas prédicas.
Seus ensinamentos através das
Escrituras Sagradas impactou tremendamente sua própria vida, pois começou a ver
a falência do sistema católico-romano. Ele deu testemunho da transformação
espiritual dizendo: “Quando eu era jovem,
na idade e na razão, eu também pertenci à tola seita. Mas, quando o Senhor me
deu conhecimento da Escritura, descartei esse tipo de estupidez de minha mente tola”.
Foi esse compromisso com a Bíblia que se tornou a marca de seu ministério.
A grande crise entre John Huss e o
Papa de Roma, foi quando a Igreja Católica Romana autorizou a venda das
indulgencias (a compra de um terreno no céu) em Praga. Huss denunciou
publicamente tal prática, e, isso o levou a excomunhão papal. Porém, mesmo excomungado
continuava pregando na Capela de Belém. Para que ele parasse de pregar foi
preciso que se decretasse que, nenhum cidadão receberia a comunhão e nem
poderia ser enterrado no terreno da igreja enquanto ele continuasse pregando.
Então ele parou em beneficio do povo.
Sem dúvida, a maior obra de John Huss
foi: De Ecclesia (A Igreja), onde ele apresentava suas maiores discórdias com o
Catolicismo Romano. Nessa fenomenal obra ele ensina que a Igreja de Cristo, é
formada por todos os cristãos de todos os tempos. Enquanto a posição da Igreja
Católica Romana era que o “papa é a cabeça e os cardeais o corpo da Igreja”. Os
leigos comuns não eram de fato membros, mas apenas comungavam com a igreja,
através da Mesa do Senhor. Nessa Obra ele também afirma que a autoridade da
Bíblia está acima da Igreja.
Porém, o que de fato levou Huss a
fogueira, foi quando ele começou a ensinar que somente Cristo é de fato a
cabeça da Igreja. Denunciou os sacerdotes, cardeais e papas corruptos de seus
dias, como desqualificados para qualquer tipo de liderança espiritual, e,
argumentou que a verdadeira autoridade pertence a Cristo e à sua Palavra. Disse
John Huss: “Se as declarações papais
concordarem com a lei de Cristo, elas devem ser obedecidas. Se discordarem,
então os discípulos de Cristo devem permanecer leais e corajosamente com
Cristo, contra toda e qualquer bula papal, e, se necessário, suportar maldição
e morte”.
O historiador Matthew Spinka resume
assim os escritos de Huss: “Um sermão a
respeito do apóstolo Pedro, Huss afirma que a Igreja não é fundada sobre
(Pedro), mas “na base mais segura que é Cristo Jesus”. Como apoio à sua
afirmação ele cita a passagem de Paulo: “Porque ninguém pode lançar outro
fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3.11). O
papa, que usurpou este poder, não deseja ouvir que Cristo perguntou a Pedro
três vezes, antes de conceder-lhes as chaves, se ele O Amava. Somente depois de
Pedro declarar seu amor por Cristo, foi que ele lhe pediu: “Apascentas as
minhas ovelhas”. No entanto, o papa e muitos sacerdotes não amam a Deus e não
apascentam as ovelhas; o que fazem, contudo, é arrebatar as chaves, a fim de
possuírem poder terreno”.
Assim um dos maiores pregadores no
século XIII morreu cantando um hino nas chamas da inquisição.
Bibliografia
MACARTUR, j. (tradução Valdir Pereira
dos Santos). Escravo: a verdade escondida sobre nossa identidade em Cristo –
65-71 - Ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2012.
0 comentários:
Postar um comentário