LIÇÃO 08
A IMPORTÂNCIA DA
PATERNIDADE NA VIDA DOS FILHOS
TEXTO ÁUREO
“E vós, pais, não provoqueis a ira
a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” (Ef
6.4)
VERDADE PRÁTICA
Quando o padrão divino para a criação
de filhos é negligenciado, as consequências são terríveis para a família
cristã.
Leitura
Bíblica em Classe: 1Samuel
2.12-17,22;8.1-3
Objetivos
da lição:
1. Apresentar o conceito de paternidade
segundo a Bíblia;
2. Apontar os tipos de paternidade que
são prejudiciais para a família;
3. Apontar os tipos de paternidade que
são construtivas para a família;
4. Destacar a importância e o valor da
paternidade responsável na formação espiritual e moral dos filhos.
INTRODUÇÃO
O pastor e escritor Renato Vargens,
escreveu um livro, não há muito tempo, sob o tema “Paternidade em Crise” (recomendo
a leitura), onde o mesmo, já na introdução diz o seguinte:
“Na verdade,
boa parte das crianças de nossos tempos são órfãos em família, pelo simples
fato de que seus pais estão distantes, ainda que morando na mesma casa, não
dialogando com os seus filhos, não cumprindo o seu papel educativo, não lhes
ensinando princípios e valores”.
Prossegue o escritor:
“Na verdade,
num mundo relativista, egoísta e hedonista, onde a figura do pai é atacada a
todo momento e por todos os lados, é indispensável que tratemos em nossas
igrejas sobre a relevância e importância da presença paterna no contexto
familiar, ajudando assim os homens a lidar com essa crise paternal e a
redescobrir não só a beleza da paternidade, mas sua essencialidade à saúde dos
filhos e ao bem-estar da família”.
Vejo com bons olhos o tema que está
sendo tratado essa semana por nossas Lições Bíblicas, onde será ensinado sobre
a importância da paternidade. Estamos em
um tempo, onde o marxismo cultural, prega a todos pulmões, a desconstrução da
família e seus valores, e, o maior trunfo é sem nenhuma dúvida, tirar o pai da
cena familiar. Lembram do episódio de Ziclague, quando Davi e seus soldados
marcharam com o rei Aquis contra Israel, deixando suas mulheres e seus filhos
desprotegidos, e vieram os amalequitas e levaram todos, e ainda queimaram a
cidade? (1Sm 30.1-6).
É bem verdade, isso sabemos, que há
mulheres, que são verdadeiras heroínas, quando, muitas delas, ao serem
abandonadas pelos seus esposos, criam sozinhas seus filhos, fazendo o papel de
mãe e pai, dando educação cultural e espiritual para seus filhos. Porém,
sabemos, que se elas fossem escolher, certamente escolheriam criar os seus
filhos juntamente com o pai, pois o fardo seria bem mais leve.
Na lição de hoje, temos duas famílias
envolvidas, a do sacerdote Eli e a de Samuel. A história de Eli é bem detalhada
quanto a criação dos filhos, pois a Bíblia é clara, que Eli não corregia seus
filhos de forma enérgica, e, mesmo seus filhos fazendo coisas horrendas em
Israel, ele os tratava com voz branda, e não executava a disciplina ensejada
para tal pecado (1Sm 2.22-25).
Quanto a Samuel, não há um texto
claro de como seus filhos foram criados, pois, muitas vezes, os pais criam seus
filhos com boa educação moral, social e espiritual, e os mesmos tomam caminhos
errôneos, como aprendemos na lição 6, sobre o caso da família de Sansão. O
certo é, que os filhos do sacerdote e vidente Samuel, não seguiram o caminho de
seu pai, que andou nos caminhos do Senhor, mas, se corromperam pelos presentes
e as riquezas (1Sm 8.3). Certamente, quando inquiridos em juízo por alguém que
tinha posses, se vendiam e pervertiam o juízo, como relata o texto sagrado.
O Comentário Bíblico Beacon, da CPAD,
em 1Samuel 8 assim nos diz a respeito de Samuel e de Eli, quanto a seus filhos:
“Os seus próprios nomes expressam a devoção que havia no coração de Samuel:
Joel significa “O Senhor é Deus”, e Abias quer dizer “O Senhor é Pai”.
Infelizmente, eles não corresponderam à esperança que seus nomes expressavam”.
E prossegue: “Uma irônica semelhança entre os últimos anos de Samuel e os de
Eli está descrita no versículo 3. Nos dois casos, os filhos em que se confiava
provaram ser desleais. No entanto, existe um diferença, a de que o autor
inspirado não sugere a culpa a Samuel em nenhum ponto”.
A lição de hoje mostrará que os pais
são responsáveis pela boa formação moral e espiritual dos filhos, antes da
igreja local e das instituições educativas.
I – A
PATERNIDADE DENTRO DA FAMÍLIA
1. A primeira família. Deixando de lado, conjecturas sobre se o casal edênico gerou ou não filhos antes do pecado; após serem colocados para fora do jardim, a Bíblia relata o nascimento de dois filhos, Caim e Abel. Assim então, foi formada a primeira família propriamente dita na história da humanidade (Gn 4.1,2). Mais tarde, Adão e Eva tiveram mais filhos (Gn 5.4,5).
Assim está
também exposto no Salmo 128 “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda
nos seus caminhos! Do trabalho de suas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá
bem. Tua esposa, no interior da tua casa, será como a videira frutífera; teus
filhos, como rebentos de oliveira à roda da tua mesa. Eis que assim será
abençoado o homem que teme ao Senhor!” (Sal 128.1-4 - ARA). Vejamos que a
figura paterna é bem saliente quanto ao trabalho, ao cuidado e, o canalizador
das bençãos de Deus para toda a família. É preciso termos muito cuidado com
essa grande responsabilidade delegada aos pais, na criação de seus filhos, para
que não venhamos cuidar mais de assuntos de terceiros, e deixemos nossa família
desguarnecida em todos os sentidos. Há pastores que dizem: Primeiro eu cuido da
obra de Deus, depois de minha família. Porém, essa premissa está invertida.
Escutemos Paulo: “Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como
cuidará da igreja de Deus?” (1T 3.5).
2. A falta de autoridade no lar. No caso de Eli, ele cuidava da obra,
mas não estava cuidando da boa educação de seus filhos. Infelizmente, hoje em
dia, esta história está se repetindo. Os pais cristãos, sejam eles pastores,
evangelistas, presbíteros, diáconos, auxiliares, ou membros das igrejas,
precisam se conscientizar de que a responsabilidade paterna, na criação
espiritual dos filhos é importantíssima. Principalmente, em nossa sociedade,
onde o desejo de excluir a figura do pai é gritante. Sabe aquele jargão, que os
pais são os últimos a saberem? Então, isso se passou com Elias e Samuel. Todo
mundo sabia dos males que seus filhos causavam, somente eles não. É bom
abrirmos nossos olhos, quanto as ações de nossos filhos. Caso saibamos de algo que não nos agrada, não
há por que desesperar, mas, saber aconselhá-los, entregá-los aos pés do Senhor
em oração, crendo que o Senhor, a seu tempo fará a obra na vida de nossos
filhos.
3. Os problemas de uma paternidade
ausente. Ouvi contar
uma história de um menino, que chegou para seu pai e perguntou: Pai, quanto
custa uma hora do seu tempo? Então o pai, que não entendeu bem a pergunta, após
fazer os cálculos, disse ao filho, quanto custava uma hora de seus serviços.
Passou um tempo, o menino voltou com uma caixinha com alguns dinheirinhos, onde
ele tinha economizado de sua mesada, e disse a seu pai: Quero comprar uma hora
do seu tempo, entregando aquela caixinha para seu pai. O pai, caiu em si;
reconheceu seu erro, abraçou a seu filho, chorando e disse que ele não
precisava pagar, mas que o pai iria tirar mais tempo para ele. Devemos aprender
a tirar tempo com nossos filhos. Somente quando eles crescem, e se distanciam
de nós, que passamos a entender a falta que eles nos fazem. Porém, se os
criamos nos caminhos do Senhor, estamos certos e confiados, no que diz a
Palavra de Deus que tudo sairá bem (Pv 22.6).
Renato Vargens, escreve:
“Vale ressaltar
que, no mundo pós-moderno, a pessoa não precisa sair de casa para abandonar os
filhos. É possível permanecer no lar, vivendo comento e dormindo, e ainda assim
ser e estar ausente. Em outras palavras, vivemos numa época em que muitos filhos
são órfãos de pais vivos. Há pais fisicamente próximos, mas emocionalmente
distantes de seus filhos. A justificativa, quase sempre, é a falta de tempo”.
Nosso Pai que está no céu,
reconhecendo a necessidade da paternidade humana para seu filho Jesus, impediu
por sonhos, que José deixasse maria (Mt 1.19,20). Ele sabia que tanto Maria,
quanto Jesus iriam precisam da figura paterna em muitas ocasiões. Veja bem,
sempre que o Senhor aparecia em sonhos para livrar o menino Jesus de alguma
cilada, não era com Maria que Ele falava, mas com o pai, José (Mt 2. 13;
19,20,22).
O problema que tem contaminado muitos
pais, é o de que, se ele está trabalhando, provendo o pão, dando o que a
família necessita materialmente, ele já está cumprindo com sua missão de pai, e
isso não é verdade. A verdade é que, além da provisão do pão, ainda o pai tem o
papel de educador, conjuntamente com a mãe, e não pode deixar de dispensar
carinho, brincar com os filhos enquanto são crianças, e conversar com eles quando
forem adolescentes, jovens e adultos.
II – TIPOS DE
PATERNIDADES EXTREMISTAS
1.
A paternidade autoritária. Essa paternidade é nociva, insana, tempestiva, destrutiva,
orgulhosa, como se os filhos fossem meros objetos. Já ouvimos contar casos de
famílias, onde os filhos se escondiam quando o pai ia chegando de viagem. Louvo
a Deus, porque fui criado em um lar, que quando meu pai viajava, que sabíamos
que ele iria chegar, ficávamos todos no portão esperando, e quando o
avistávamos ao longe, íamos correndo, e cada um de nós (pois éramos muitos), agarrávamos
em suas pernas, de um lado e do outro; os mais velhos pegavam suas bagagens, e
ele beijando e abraçando a todos, vinha para casa encontrar com a mamãe. Meus
irmãos são testemunha do que estou falando (saudades). Criei os meus filhos da
mesma forma, quando criança, eu tirava horas para brincar com eles. Corria, caia
no chão, rolava com eles. Era muita risada e muita brincadeira.
O pai autoritário somente sabe
cobrar. Os filhos até o obedece, porém, não por amor, mas por medo. Seu chicote
está sempre pronto a estalar nos lombos do filhos, como se fossem um bocado de
escravos. Sua educação, se é que se pode chamar de educação, é a base de gritos
e afrontas. Não é nada construtivo. Paulo disse: “E vós, pais, não
provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do
Senhor” (Ef 6;4).
2. A paternidade permissiva. Como diz o provérbio: Nem tanto nem
quanto. Dizia meu pai: Não podemos apertar o passarinho na mão para não matar,
mas também não podemos abrir demais senão ele voa. Deixar os filhos a sua
própria sorte, e que eles mesmos descubram por si só as coisas da vida; seja da
vida social, física ou espiritual não é uma boa coisa. Um pai permissivo, não
se importa com o que seu filho esteja vendo, assistindo, fazendo; com quem ele
está andando etc. Mesmo sendo exemplo para os filhos, os pais permissivos, a
exemplo de Eli, não os corrigem quando erram. Deus é um Pai bondoso,
maravilhoso, piedoso, porém, corrige o filho que ele ama, assim diz a Palavra
do Senhor (Hb 12.6,7).
Portanto, tanto o pai autoritário,
quanto o permissivo são exemplos negativos de pais, pois, certamente vão
prejudicar o bem-estar da família. A falta de uma paternidade segura, presente
e responsável produz uma família infeliz, diz o comentarista de nossa lição.
III – APRENDENDO A
PATERNIDADE COM O PAI CELESTE
Permita-me meus amados
irmãos, fugir um pouco da linha de raciocínio de nossa Escola Bíblica, no
terceiro ponto, para apresentar-vos, um conceito de pai, que devemos nos
esforçar para ser, com base no relacionamento entre o Pai celeste e seu Filho
Jesus Cristo.
Renato Vargens cita
J.I. Packer, que diz: “Pai é o nome cristão para Deus. Aliás, ouso afirmar que
a intensidade do amor do Pai por Jesus nos faz ter ideia do seu amor por nós,
além de nos fazer entender de forma clara e pedagógica qual deve ser o papel de
um pai”.
1.
O pai
provedor. Em contrapartida dos dois
tipos de pais negativos no ponto anterior, apresentamos aqui o primeiro pai,
como um exemplo positivo. Abraão, ao ser interrogado por seu filho Isaque, onde
estava o cordeiro, a resposta foi: “O Senhor proverá para si o cordeiro meu
filho”. Sim, nosso Deus é um Pai que proveu, provê e continuará provendo
tudo para seus filhos. Ele proveu maná para seu povo no deserto por quarenta
anos. Jesus nos ensinou a orarmos assim: “Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, tanto
na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje...” (Mt 6.9-11).
Da mesma forma que o Pai celeste provê para seus filhos, assim nós, pais,
devemos lutar para prover para nossos filhos (2Co 12.14).
2.
O pai
amoroso. João afirma que “Deus é amor” (1Jo 4.8).
Em seu evangelho, João escreve que “Deus amou o mundo de tal maneira...”
(Jo 3.16). A maior virtude do cristão é
o amor. Paulo fala que não adianta nem mesmo darmos nosso corpo para ser
queimado, se não tivermos amor, seria como um barulho de metal retinente, que
faz sim barulho, mas é frio, seco e duro. Quando conhecemos o amor imensurável
do Pai celeste, passamos a amar mais nossos filhos e devotarmos mais tempo,
carinho e afeição incondicional aos mesmos. O amor do Pai para com o mundo
perdido foi uma amor sacrificial. Assim, muitas vezes é o amor de um verdadeiro
pai terreno; ele se sacrifica por seus filhos.
3.
O pai
protetor. Na mesma oração, conhecida como a “oração do
Pai nosso”, Jesus nos ensina a orar assim: “e não nos deixes cair em
tentação; mas livra-nos do mal...” (Mt 6. 13 – ARA). Se não fora o Senhor
que estivesse nos guardando do mal, certamente todos nós estaríamos perdidos. O
diabo já teria nos engolido vivos, como disse o salmista. Mas, o nosso Pai,
está sempre a nos proteger do maligno. O pastor Renato diz o seguinte: “Nessa
perspectiva, somos desafiados a olhar para o Senhor, entendendo que como pais
terrenos temos a obrigatoriedade de cuidar de nossos filhos, zelando por eles e
os protegendo. Com isso em mente, entendo que os pais são, de longe, o fator
mais importante na proteção da família. São eles que estão na linha de frente”.
4.
O pai
disciplinador. Provérbios 3.12 diz: “Porque
o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem”.
Deus revela o seu amor, não somente quando nos guarda do maligno, quando nos
abençoa com bençãos materiais, físicas, financeiras, provendo-nos o pão, mas
ele prova o seu amor também quando nos disciplina, e nos corrige. O Escritor
aos Hebreus nos diz assim acerca da disciplina: “É para disciplina que
perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não
corrige? Mas se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes,
logo, sois bastardos e não filhos. Além disso, tínhamos os nossos pais segundo
a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havendo de estar em muito
maior submissão ao Pai espiritual e, então viveremos? Pois eles nos corrigiam
por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para
aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda
disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza;
ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela
exercitado, fruto de justiça” (Hb 12. 7-11 – ARA).
Salomão escreveu
dizendo: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o
disciplina” (Pv 13.24 – ARA); ainda mais: “Castiga o teu filho, enquanto
há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo” (Pv 19.18 – ARA).
Disciplinar não significa espancá-lo. Disciplinar pode ser levá-lo a refletir
sobre suas atitudes, privá-lo de coisas que ele gosta, incentivá-lo a uma boa
leitura, boas companhias etc.
5.
O pai
presente. E por fim, temos o pai presente. O Senhor Deus
prometeu estar presente conosco todos os dias de nossas vidas. Através do
profeta Isaías, o Senhor disse: “Quando passares pelas águas, eu serei
contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo,
não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43.2 - ARA). Que linda e
maravilhosa promessa! Nosso Deus é onipresente, Ele, e somente Ele é quem pode
estar vinte e quatro horas por dia presente em nossas vidas. Ele é nosso
exemplo maior, para procurarmos ser também presentes na vida de nossos filhos.
Há pais que não se importa em estar presente na trajetória de seu filho, e
isso, somente será repensado mais tarde, quando já não há mais tempo de
recomeçar. Portanto, queridos pais, recomece enquanto é cedo, e ainda há tempo
de abraçar ao teu filho, amá-lo, reconquistá-lo, direcioná-lo, e ser verdadeiramente
presente em sua vida.
CONCLUSÃO
Os pais são exortados
a ensinar os filhos, conversando com eles e orientando-os para a vida. O líder
que tem consciência de que seu ministério começa na sua casa, será abençoado, e
colherá frutos por ter uma família que serve ao Senhor. Os extremos precisam
ser evitados e os filhos precisam da repreensão que deve ser feita com amor, e
cuidado. Deus espera que os pais estejam presentes na formação de seus filhos.
Amém
Pr Daniel Nunes da
Silva
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