Daniel Nunes
PENSANDO SOBRE IGREJA APÓS AS ELEIÇÕES DE 2022
Vimos, neste tempo que antecedeu o dois de
outubro, uma batalha travada entre a esquerda e a direita, e isso, dentro dos
arraiais cristãos. Aqui, cristãos, e em sua totalidade mesmo: católicos,
evangélicos, ortodoxo etc. Muitos foram até as últimas consequências, até baixando
o nível nas provocações. Rixas, brigas, polémicas, inimizades, marcaram esse período.
Pastores, padres e a classe obreira de modo
geral, todos, empenhados em defesa do seu candidato, principalmente, quando falamos
do presidente da república. Púlpitos viraram palanque político. Até culto foi
transformado em comício. Solenidades cristãs, foram canceladas, para que os
fiéis pudessem participar de carreatas, motociatas etc.
A
conversa era uma só: temos que defender o candidato tal, pois, ele defenderá o
evangelho. Sempre fui contra a essa ideologia. Quem sempre defendeu a igreja,
como organismo vivo na terra, foi Cristo. Ele, como Salvador do corpo, sempre a
defendeu e sempre a defenderá. A igreja existiu, existi e existirá na terra,
até que Cristo venha buscá-la, independente de qual regime está no poder, se
esquerda, direita, comunista, socialista, liberal etc.
Aqueles
que acham que a igreja precisa de presidente tal e tal para defender a
liberdade religiosa, e para que a igreja continue pregando o evangelho, são
pessoas que desconhecem o poder de Deus, e, não crê verdadeiramente que a
igreja é uma instituição sobrenatural na terra. Jesus disse que as portas do
inferno não prevaleceria contra a sua igreja. Por mais que os regimes
comunistas, totalitários, oprimam a igreja em países fechados para o evangelho,
ela não para de crescer, e até, cresce muito mais que em países livres, porque
o dono da igreja é Jesus.
Foi
triste ver crentes brigando por causa da política. A igreja ficou dividida.
Crentes tomando santa ceia, mas, o ódio imperando nos corações. Vimos pastores
expulsando crentes das igrejas, por conta de ideologia política. Onde chegamos!
O
altar a Baal foi levantado dentro de muitas igrejas. Não sou contra o atual
presidente. Acho que ele fez um governo bom, dentro da medida do possível,
nestes anos duros de seca, pandemia e guerra. Porém, ver crentes, nos cultos,
deixando de louvar ao Senhor, que diga-se de passagem, é o único digno de ser
louvado, adorado e exaltado, para aclamar o presidente, chamando-o de “mito”, já é demais. O pior de tudo: sob os olhares complacentes e indulgentes dos
pastores do alto escalão da igreja. Triste isso!
Penso
que a igreja nunca mais será a mesma. Ela se comprometeu demais com o sistema
político. Não importa o que acontecerá daqui para frente no campo político, a
igreja estará manchada, marcada, dividida. Assim como as igrejas do Apocalipse, com exceção de
Filadélfia e Esmirna, as demais, tinham algo que deixou entristecido o coração
do Senhor Jesus. Assim também, a igreja brasileira, se deixou levar pela
euforia política. Da “esquerda” ou da “direita”. Os dois lados se
comprometeram. Se via pastores raivosos, maculando seu linguajar com
xingamentos, palavrões, e tudo isto em nome de “deus”. É isso mesmo, “deus” com
“d” minúsculo, porque, certamente não foi em nome do nosso Deus Todo-Poderoso, o grande
Elshaday. Foi feito em nome de Mamom, o deus dinheiro. O deus da fama, o deus
da posição social.
Porém,
como o Senhor disse a igreja de Sardes: “Mas também tens em Sardes algumas
pessoas que não se contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco,
porquanto são dignas” (Ap 3.4), também, se pode dizer da igreja brasileira
atual: há alguns que não se contaminaram. Há, aqueles que participaram de todo
processo político, porem, de maneira ordeira, sensata, cristã. Esses, são os
que estão fazendo a diferença diante de Deus.
A
igreja vai prosseguir, sim, ela vai. Porém, a sua essência foi misturada. O seu
sabor não será o mesmo. A simplicidade do evangelho que existia nela, foi
contaminada com os ideais políticos. Isso, no Antigo Testamento era considerado
uma traição, um adultério. Quando o povo de Israel, deixava o Senhor e se
aliava a deuses estranhos, confiando e adorando-os. A igreja brasileira,
certamente, pagará um alto preço por ter deixado de confiar em Deus, para
confiar em um sistema de governo.
Temos
sim, como cidadãos, de sempre procurar ver o melhor para nossa sociedade,
porém, nunca, achar que o sistema A ou B, vai ajudar mais a igreja crescer,
a se desenvolver, e ter liberdade para pregar. O tempo que a igreja evangélica no Brasil mais crescia, era, quando pelo fanatismo religioso católico, éramos
perseguidos, escorraçados, xingados, colocados de porta a fora dos lares. A
igreja crescia e se multiplicava. Hoje em dia, muitas igreja não crescem mais.
Só batizam filhos de crentes. Não há mais novos convertidos. Muitas igrejas incham com crentes de outras agremiações religiosas. Os pastores se
acomodaram em suas vidas administrativas. Não pastoreiam mais. Não visitam mais.
Não vão mais a hospitais, a presídios, a feiras livres (com raras exceções). Se tem o salário no final do mês, já basta.
As
igrejas cresceram e se tornaram currais eleitoreiros. Os líderes podem vender
caro as ovelhas em tempos de política. Que tristeza ao coração de Deus. Homens
que era para estar falando do amor de Deus ao pecador desalentado, cuidando do órfão e da viúva, estão mais preocupados com quem vai ser o presidente, o
governador, o deputado, o senador, o prefeito, o vereador.
Sou
do tempo da igreja humilde, pequena, que nenhum político queria ir lá. Não dava
lucro nas urnas procurar os crentes. Esses tempos mudaram! São águas passadas! Agora, a
multidão atrai. O número de crentes se tornou atrativo para a classe política,
que sem nenhum escrúpulo, os procuram em
tempos de eleições, fazendo-se de crentes, com a Bíblia na mão, saudando com a
paz do Senhor, com graça e paz, e lendo versículos e cantando hinos. Tomando até a Santa Ceia, que é uma ordenança exclusiva dos membros batizados nas águas.
Finalizo,
dizendo, que ao meu entendimento, o ferimento no sentido espiritual em 2022 na
igreja evangélica brasileira, demorará para cicatrizar. Deus não está
satisfeito com essa igreja indulgente. Com esse povo que trocou Jesus por
homens carnais. Muitos pastores, principalmente os de grandes conglomerados de
igrejas, buscando a mão benevolente do estado, para serem anistiados das altas
somas de impostos. Outros, com ricos empregos para familiares, parentes e
amigos no alto escalão do governo. Como também, porque filhos, genros, netos
etc. entraram na vida política, e não querem deixar de ganhar as altas somas,
que facilmente são levadas pelos que estão em cargos públicos.
A
voz do Senhor ressoa dizendo: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu
primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as
primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu
castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.4,5).
Sei
que muitos líderes podem não gostar do que escrevi. Uma coisa porém, tenho
certeza: ninguém, que conhece a história da igreja, bem como a Palavra de Deus, poderá me
contestar, dizendo que estou escrevendo algo inverídico.
Deus
tenha misericórdia de sua igreja!
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