“E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra
espiritual que os seguia; e a pedra era
Cristo”.
Paulo está se referindo ao episódio acontecido em Horebe, quando os filhos de Israel
saíram do Egito, rumo à terra prometida. Encontramos a narrativa bíblica em
êxodo 17. 5,6, onde diz: “Então, disse o
Senhor a Moisés: Passa diante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de
Israel; e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai. Eis que eu
estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dele
sairão águas, e o povo beberá. E Moisés assim fez, diante dos olhos dos anciãos
de Israel”. E ainda em Números 20.11, onde diz: “Então Moisés levantou a sua mão e feriu a rocha duas vezes com a sua
vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais”.
A rocha de Horebe era um tipo de Cristo, e Paulo, a chama de: “... pedra espiritual”. Daquela rocha
espiritual podemos aprender algumas profundas lições:
1. Aquela rocha
estava em um lugar seco e estéril. Horebe
significa seco ou vazio. Ela estava no deserto de Elim, um lugar estéril, e
por si mesmo uma ajuda aparentemente inútil. Cristo estava no mundo, porém o
mundo não lhe conheceu. “Porque foi
subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; No tinha parecer
nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos para que o
desejássemos” (Is 53.2). “E deu à luz
a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2.7). “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele
e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam”
(Jo 1.10,11). “Disse-lhe Natanael: Pode
vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1. 46).
2. Aquela rocha
era nativa do deserto. Ela era uma
entre tantas outras, sim, não havia nenhuma diferença aparentemente destacada
nela. Seria como olhar e querer diferenciar as pedras no cariri e sertão
nordestino. Jesus era tão parecido
aos seus irmãos judeus, que quando estava entre a multidão, ninguém distinguia
ele dos demais – “... Como, sendo tu
judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?”; “Jesus respondeu e
disse-lhe: Se tu conheceras o dom
(dádiva, presente) de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe
pediria, e ele te daria água viva” (Jo 4. 9,10). “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;” (Fl 2. 7).
“... Deus, enviando seu Filho, em
semelhança da carne do pecado...” (Rm 8.3). O escritor aos Hebreus, fazendo
referencia ao Senhor Jesus, citou o Salmo 8.5, e disse: “Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o
coroaste...” (He 2.7).
3. Aquela rocha
foi escolhida por Deus. Não foi
Moisés que escolheu a rocha, mas sim Deus. O Senhor indicou para Moisés qual
seria a rocha, qual seria a pedra que ele deveria tocar. A rocha que deveria
ser ferida, golpeada foi designada e indicada por Deus. Jesus é o escolhido de Deus. “E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu, E
da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo,
escutai-o” (Mt 17.5).
4. Aquela rocha
esta possuída por Deus. “Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a
rocha...” (Ex 17.6a). Aqui estava o segredo de suas riquezas. Ai onde
consiste a diferença das demais rochas: Porque Deus estava sobre naquela rocha,
Deus estava sobre ela. Moisés, em seu último cântico disse: “Porque a sua rocha não é como a nossa Rocha,
sendo até os nossos inimigos juízes disso” (Dt 32.31). Nisto consistia a sua
capacidade de suprir as necessidades dos sedentos israelitas. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo...” (2Co 5.19); “Assim
como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se
alimenta também viverá por mim” (Jo 6.57). “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os
pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração” (Lc 4.18).
5. Aquela rocha
estava cheia das bênçãos invisíveis. Um
dos lugares mais improváveis. Alguém poderia até perguntar: “Poderá sair alguma coisa boa daquela rocha
seca no deserto de Elim?”. Porém, pela infinita misericórdia e plenitude de
Deus havia nela profundidades insondáveis de bênçãos. Natanael perguntou se referindo ao Cristo: “... pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê”
(Jo 1.46). E como há! Disse Paulo: “Para
que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor e enriquecidos
da plenitude da inteligência para conhecimento do mistério de Deus – Cristo, em
quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Col
2.2,3). Dele escreveu Joao: “E o verbo se
fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua gloria, como a gloria do unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14), e disse mais: “E todos nós recebemos também da sua
plenitude, com graça sobre graça” (Jo 1.16). Ele mesmo disse: “Quem me vê a mim, vê o pai” (Jo 14.9).
Chamou a todos dizendo: “... Se alguém
tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7.37).
6. Aquela rocha
foi ferida. “... e tu ferirás a rocha...” (Ex 17. 6). Isto nos faz recordar
palavras similares quão respeito ao Senhor Jesus: “... Fere o Pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas...” (Zc 13.7). A
rocha foi ferida com uma vara. A vara do juízo de Deus caiu sobre Cristo. Não
foi ferido por causa dele mesmo, mas por nossa salvação. Ele sofreu por nós, o
justo pelos injustos. Veja o que o profeta Isaias escreveu sobre Ele (Is 53.
2-5).
7. Aquela rocha
deu o seu tesouro depois que foi ferida. “... e tu ferirás a rocha, e dela
sairão águas...”. Até mesmo aquele que a feriu, podia beber de sua
misericórdia. Aquele golpe dado em Jesus com a lança abriu a fonte para limpar
pecado e a imundícia. Até mesmo aqueles que o feriram podiam beber da corrente
de salvação. Jesus clamou na cruz dizendo: “... Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). “E o centurião e os que com ele guardavam a
Jesus, vendo o terremoto e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor
e disseram: Verdadeiramente, este era o Filho de Deus” (Mt 27. 54).
8.
A rocha que os seguia. “E beberam todos
de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os
seguia; e a pedra era Cristo” (1Co 10. 4). Certamente que não mais terão
sede, aqueles que têm a fonte que os acompanham dia a dia em suas peregrinações
pelo deserto da vida. “Mas aquele que
beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, porque a água que eu lhe der
se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14). A
presença de Jesus conosco, é como um manancial brotando no coração. Jesus
disse: “Eis que estou convosco todos os
dias” (Mt 28.20). Essa Rocha espiritual continua nos seguindo. Bebei dela
todos!