TEXTO ÁUREO
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor.” (Dt 6. 4)
VERDADE PRÁTICA
A lei não salva, mas esboça o plano da redenção em
Cristo confirmado nos Evangelhos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
“Filipe achou a Natanael,
e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os
profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo 1.45). Cristo é o tema
central de toda a Bíblia. O Antigo Testamento prepara o caminho para a vinda de
Cristo, predizendo sua chegada através de tipos e profecias. Como por exemplo:
Para chegar no Santo dos Santos, e consequentemente à presença de Deus, havia
uma única porta no tabernáculo; assim também, Jesus se colocou como a única
porta para a salvação, quando disse: “Eu sou a porta; se alguém entrar
salvar-se-á, ...” (Jo 10.9). O Antigo Testamento é a preparação do
Redentor. Os Evangelhos apresentam Cristo como redentor da humanidade. Ele é a
manifestação do Redentor. Quer dizer, os dois Testamentos, o Velho e o Novo,
são de igual autoridade, com funções diferentes. Vejamos com atenção esse
palpitante assunto.
I
– O PENTATEUCO: A LEI DE DEUS
1.
Os cinco
livros da Lei. Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio, são os cinco primeiro livros da Bíblia,
conhecidos como “Pentateuco”. De dois
termos gregos, penta = cinco e teuchos, volume, livro, pergaminho. Os
judeus chamam-no de Torá. A palavra hebraica hrwt “torah” (lei) ocorre
221 vezes no Antigo Testamento e sua correspondente grega , nómos, 197 vezes no
Novo Testamento. Essa palavra insinua (no seu sentido literal: mete no seio) um
significado mais abrangente do que simplesmente lei. Ela dá-nos a ideia de
“ensino, norma de conduta, instrução divina”. A totalidade do Pentateuco é identificada, nas páginas da Bíblia
Sagrada, como a Lei (Ex 24.12; Mt 5.17); a Lei de Moisés (Js 8.31,32; At
13.39); a lei de Deus (Ne 8.8; Rm 7.22); e a Lei do Senhor (Ne 10.29; Lc 2.22,23).
Essa era a primeira seção do Tanakh, os primeiros cinco livros da Bíblia
Hebraica.
2.
A grandeza
da Lei. Sob três aspectos se deve
estudar a Lei, para que não seja cometido os erros que os guardadores do sábado
cometem. a) Aspecto moral. Lei Moral é um conjunto de valores absolutos,
isto é, fixos, eternos e perfeitos, impostos ao homem por uma força superior,
Deus, é revelados na sua Palavra Escrita, a Bíblia Sagrada. São princípios
universais, válidos para qualquer pessoa, em qualquer lugar, e não se alteram
com o passar do tempo. Até mesmo os gentios receberam de Deus um senso ético
que se manifesta por meio de suas consciências, como afirma Paulo: “Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei (...), os quais mostram a obra
da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os
seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14, 15); b) Cerimoniais.
Lei cerimonial é aquela que impõe e disciplina as cerimônias e rituais do
culto (judaico, no caso), assim como a circuncisão, a páscoa, o pentecostes, as
primícias, as luas novas e o sábado. Tais mandamentos tinham uma vigência
temporária, pois essa lei de caráter transitório apresentava os tipos, sombras
e figuras que se cumpririam na pessoa, nos atos e nos ensinos de Jesus. “Porque
tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem real das coisas (...)” (Hb
10.1) “Tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso
nosso a quem são já chegados os fins dos séculos” (1 Co 10.11). Os
mandamentos cerimoniais tornaram-se obsoletos porque em Jesus se cumpriram as
figuras, os tipos ou as “sombras” que aquelas cerimônias representavam. O
cordeiro da Páscoa era a figura do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.20). As luas novas que anunciavam um novo mês, simbolizavam as
boas novas do Evangelho (Is 60.2). O sábado, descanso para o corpo, era sombra
de Cristo, o descanso para nossas almas (Mt 11.28); c) Civis. Que diz
respeito a responsabilidade do israelita como cidadão. O Decálogo pode ser
considerado, em nossos dias, nossa legislação constitucional, civil e penal.
Como nação o podo de Israel precisava de leis que os orientasse e os levasse a
uma convivência boa e ideal. Ex. Leis concernentes a escravidão (Ex 21. 1-7);
Ricos e pobres (Dt 15.4-11); Brigas, conflitos, lutas pessoais (Ex 21. 18-18);
Crimes capitais (Ex 21.24); Etc.
Paulo disse que “A lei e
santa; e o mandamento, santo, justo e bom [...] a lei é espiritual” (Rm
7.12,14). Nossa declaração de fé das Assembleia de Deus no Brasil, diz que a
Lei de Moisés é o mais importante código de leis da antiguidade por sua
santidade, por seu caráter espiritual e por sua autoridade divina, porém, ela
vai além de tudo isso, pois nela, Deus esboça o plano da redenção do homem
perdido em Cristo: “Porque o fim da lei é Cristo para a justiça de todo
aquele que crê” (Rm 10.4).
3.
A lei e a
fé cristã. A função da Lei era
transitória (Hb 10.1). Ele revelou o pecado e a necessidade da graça (Gl 3.19),
e assim serviu de “Aio”, que dizer, um pedagogo, um guia, para nos conduzir a
Cristo (Gl 3.13). A lei encerrou a humanidade debaixo do pecado (Gl 3.22).
Desse modo, ninguém pode ser salvo pelas obras da Lei (Gl 2.16). Cristo nos
resgatou da maldição da Lei (Gl 3.13), e nos deu vida mediante o evangelho (2Tm
1.10). Cristo, o único que não tem pecado, cumpriu a cabalmente a Lei, e
inaugurou a dispensação da graça (Ef 2.8; 3.2; Hb 4.15). Agora vivemos debaixo
da graça divina (Rm 6.14). Porém, todo aquele que permanece em Cristo, não vive
na prática do pecado (1Jo 3.6; Rm 8.1,2). A graça me salva do pecado e me
habilita para a prática das boas obras (Ef 2.10).
II
– OS EVANGELHOS: A MENSAGEM DE
CRISTO
1.
O conceito
de Evangelho. Paulo disse: “Porque
não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação
de todo aquele que crê, primeiro do Judeu e também do grego” (Rm 1.16). O
termo “Evangelho” tem origem no grego evangelion com o significado de
“boas novas”. Jesus mandou que seu discípulos pregassem o evangelho a toda a
criatura (Mc 16.15). Paulo disse que não deveríamos crer em outro evangelho,
mesmo que fosse pregado por um anjo descido do céu (Gl 1. 8). São chamados de
Evangelhos, os escritos de Mateus, Marcos, Lucas e João. O três primeiros, são
conhecidos como sinóticos, ou “idênticos”. Eles registraram o ministério
de Cristo especialmente na Galileia, enquanto
João, salientou o ministério de Cristo na Judeia. Mateus apresenta Jesus
como o Rei, Marcos como Servo, Lucas como o Filho do Homem e João como o Filho
de Deus.
2.
A mensagem
do Reino de Deus. Mateus, como o
Evangelho do Rei, relata que Jesus, após o batismo nas águas (Mt 3.16), e sua
vitória na tentação no deserto (Mt 4.11), passou a pregar a chegada do “Reino
dos céus” (Mt 4.17). Os outros sinóticos também enfatizam a pregação do reino,
como tema central da mensagem de Cristo (Mc 1.15; Lc 4.43). E João enfatiza que
o reino divino não é deste mundo (Jo 18.36). Os Evangelho indicam que as
profecias messiânicas se cumpriram em Cristo (Lc 4.18-21). Neles, Jesus é
apresentado como o Filho de Davi, e o Filho de Deus (Mt 1.1; Mc 1.1). Sua vinda
inaugura o começo do Reino e requer a conversão dos pecadores (Jo 3.5). O Reino
aponta para a soberania de Deus sobre todas as coisas, no presente e no futuro
(Lc 17.21; Lc 1.33). De tanto Jesus falar em reino, os discípulos, perguntaram
então, se seria neste tempo que ele restauraria o reino a Israel (At 1.6). Mas
Jesus estava falando de um reino muito mais grandioso que o reino terreno de
Israel (Rm 14.17).
3.
A mensagem
da salvação. São três os título de
Jesus nos Evangelhos: Salvador, Cristo e Senhor (Lc 2.11). Mateus nos mostra
Jesus como Salvador (Mt 2.11); Marcos afirma que precisamos crer nele para
sermos salvos (Mc 16.16); Lucas diz que ele veio buscar e salvar os perdidos
(Lc 19.10). João também ratifica que ele é o salvador do mundo (Jo 4. 42). Tudo
isso como um ato de amor do Pai, pela graça divina e pelos méritos de Cristo (Jo
3.16).
III
– UMA MENSAGEM TRANSFORMADORA
1. A transformação do caráter. Caráter: Conjunto de
reações e hábitos de comportamento que uma pessoa adquire durante a vida e que
dão especificação ao modo de ser individual. Junto com o temperamento e as
aptidões configuram a personalidade do indivíduo. Diz-nos um pensador, que
caráter é aquilo que somos quando estamos sozinhos. Vemos que a mera
observância de preceitos não pode salvar ninguém (Lc 18. 18-24), somente a
graça divina é capaz de transformar o caráter humano decaído pelo pecado. Este aprimoramento moral, espiritual e santificador
(de não ter desejo de pecar) só é possível quando realmente nos submetemos à
ação do Espírito Santo. Por isso é que Paulo nos exorta: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus. E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1, 2). Se alguém cumpre
a primeira condição desse versículo, gozará certamente do privilégio de
degustar a “boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Porém, se alguém quer
viver em conformidade com o mundo, jamais saberá como a vontade de Deus é tão
“boa, agradável, e perfeita”. É promessa divina: “E dar-vos-ei um coração
novo, e porei dentro de vós um Espírito novo” (...) “E porei dentro de vós o
meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos”
(Ez 36.26, 27). Essa promessa se cumpre quando nos “convertemos” ou “nascemos
de novo” (Jo 3.5-8). Nesse momento, o Espírito Santo implanta em nós os
caracteres da divindade, que poderíamos chamar de “cromossomos de Deus”. Esses
cromossomos de Deus irão desenvolvendo-se, para formar em nós a “imagem de
Cristo”, assim como uma criança se vai formando no ventre materno. “Ele nos
tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis
participantes da natureza divina” (2 Pd 1.4). “Mas todos nós (...)
refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma
imagem cada vez mais resplandecente pela ação do Senhor, o Espírito” (2Co
3.18, Bíblia de Jerusalém). “A vereda dos justos é como a luz da aurora
(...) vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18). Porém
nenhuma glória nos cabe! “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer
como o efetuar, segundo a sua boa-vontade”; “Mas, quando aprouve a Deus
revelar seu Filho em mim” (Fp 2.3; Gl 1.15, 16). Quando nos convertemos,
recebemos uma nova mente: “(...) a mente de Cristo”; “Mas nós temos a mente
de Cristo” (1 Co 2.16). Ela é que torna possível a transformação
(metamorfose) que nos foi destinada desde a eternidade: “Os que dantes
conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”
(Rm 8.29). Paulo compara essa santificação progressiva a uma verdadeira
gestação espiritual: “Meus Filhinhos, por quem de novo sinto as dores de
parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19). A esse regime de vida
na Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo podemos chamar de: Lei de Cristo.
Falando sobre Gálatas
5.22, o “fruto do Espírito”, o pastor Antônio Gilberto diz que, esse fruto não
é nada mais e nada menos que a existência de uma caráter semelhante ao de
Cristo no crente. Um caráter que testemunha de Jesus e que o revela em seu
viver diário. É a expressão externa da natureza santa de Deus no crente. É o
desdobre da vida de Cristo manifesta no cristão. Pergunta o pastor Antônio
Gilberto: Como é que o povo à nossa volta está vendo Cristo em nós? Seja em
família, no emprego, nas viagens, na escola, na igreja, nos relacionamentos
pessoais, nos tratos, nos negócios, no lazer, o porte em geral, na vida Cristã?
2.
A
restauração da família. Na lei era
comum o divórcio, a dissolução do casamento, e isso por qualquer motivo (Dt 24.
1-4). A sagrada instituição da família era banalizada, provocando com isso a
ruptura familiar, enchendo assim o altar de Deus de lágrimas (Ml 2. 13,14). Nos
Evangelhos, Cristo ensina que o propósito divino para o casamento é a união
indissolúvel entre um homem e uma mulher (Gn 1.27; 2.24; Mt 19.4,5). Enfatiza
Jesus: “O que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.6). As exceções
são justificadas em casos de morte (Rm 7.2); Infidelidade (Mt 5.32); e deserção
do lar pelo descrente (1Co 7.15). E, mesmo em situações de traição e abandono,
a mensagem cristã apresenta o perdão e a reconciliação como atitudes
preferíveis (Mt 5.9,44; 18.21,22; Ef 4.32).
3.
A
regeneração da sociedade. Amar ao Senhor e ao próximo como a nós mesmos, está
no mandamento régio de Deus para toda a humanidade. São mandamentos morais,
absolutos, irrevogáveis. Nestes dois mandamentos está resumido a lei e os
profetas (Mt 22.36-40). O amor de Deus para com a humanidade é a base da
salvação (Jo 3.16; 15.13). Em vista disso, os cristãos receberam a missão de
proclamar essa mensagem às nações (Mt 28.19). A igreja é sal da terra e luz do
mundo (Mt 5.13,14). Ela precisa continuar como conservante neste mundo que aos
poucos vai se diluindo com o câncer do pecado. Infelizmente, muitos que já
foram sal e luz, hoje, estão lançados no caminho, sendo pisoteados pelos
ímpios, e sua luz já não brilha mais. Voltemos com pressa aos pés de Cristo,
pois a Igreja do Senhor tem uma nobre missão, a de regenerar essa sociedade (1Pe
2.9,10).
Amém.