LIÇÃO 4
“Então
caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e
ainda lambeu a água que estava no rego”. (1Rs 18.38)
VERDADE
PRÁTICA
O Senhor
sustenta com sua forte mão todos os que estão dispostos a proclamar a verdade
de que Ele é o único Deus digno de adoração.
Leitura Bíblica em Classe: 1Rs
18.22-24,29,30.38,39; 19.8-14
INTRODUÇÃO
Infelizmente, o povo, em todos os tempos, é muito
inclinado à idolatria. Até ao diabo a Palavra do Senhor nos manda resistir,
mas, sobre a idolatria Paulo nos diz: “Portanto, meus amados, fugi da
idolatria”. (1Co 10.14) Ela é tão forte, tão traiçoeira e insidiosa, que
melhor é fugir, do que querer enfrenta-la. Somos muito levados pelo que vemos. Foi
só Moisés ficar um pouco mais no monte Sinai, que o povo de Israel,
rapidamente, fizeram um bezerro de ouro, e proclamaram dizendo: “Estes são
teus deuses, ó Israel que te tiraram da terra do Egito” (Ex 32.4).
O profeta Elias é um dos mais importantes personagem
da Bíblia. Ele é o maior dos profetas orais. Quer dizer, aquele que a Bíblia
mais registras suas falas, conversas. Ele trabalhou na oralidade e não na
escrita. No monte da transfiguração ele aparece ao lado de Moisés conversando
com Jesus. Veremos nesta lição o maior desafio de Elias, como profeta de Deus,
pois se achava sozinho naquele momento, enfrentando 450 profetas de Baal e 400
profetas do deus Aserá (1Rs 18. 19).
Quem era Baal
Baal era um deus cananeu; ele era adorado naquele
território, mesmo antes de Israel ali chegar, e continuou sendo adorado na
vizinhança de Israel exercendo influência negativa sobre o povo de Deus. Tanto
homens quanto mulheres eram consagradas para entregarem seus corpos à
prostituição cultual no templo de Baal (Dt 23.18; 1Rs 14.23,24; 2Rs 23.7). O
deus Baal, adorado por Acabe e Jezabel, erro oriundo de Tiro e chamavam-lhe
Baal-Melcarte. A sua adoração envolvia mergulhos extáticos com ativação
sensorial e intensa atividade sexual na prostituição sagrada. Diziam seus
adoradores, que Baal dominava sobre o vento, as nuvens, a chuva, trovões e
relâmpagos. Era o deus da fertilidade da terra (Os 2.10-13). Pela falta da
Palavra de Deus, pois no tempo de Josias, o livro da lei foi encontrado no
templo. Mostrando assim, que até os sacerdotes estavam totalmente alheios ao
livro da Lei do Senhor (2Rs 22.8; Os 4.6). O povo de Israel, pela preocupação
econômica (agropecuária), uma fraca teologia, uma frouxidão espiritual e
promiscuidade sexual, foi levado a adoração a Baal, e a derrocada do povo de
Deus.
Quem era Aserá
Aserá também é grafada como Astarte (Jz 3.7; 10.6; 1Sm
7.3), em babilônico como Ishtar ou, ainda, como Ashera (Jz 3.7; 1Rs 18.19). Era
conhecida como a deusa da fertilidade, do amor e da guerra, e foi introduzida
em Israel pela primeira vez, após chegarem a terra prometida (Jz 2.13; 10.6);
Recebeu aprovação real de Salomão (1Rs 11.5) por meio dos cananeus com quem ele
fez aliança. Nos cultos a deusa Aserá, se praticava várias orgias e rituais que
o Senhor, o Deus de Israel, nunca pediu para o seu povo fazer, pois tais coisas
atentavam contra a dignidade humana. Portanto, a adoração a esses falsos deuses
incentivavam a degradação humana e toda sorte de abominação detestáveis pelo
Senhor.
I – O DESAFIO NO MONTE CARMELO
1 – O zelo de Elias o leva diante de
um confronto. O zelo do Profeta Elias, o levou a fazer um pergunta
ao povo de Israel: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor
é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o” (1Rs 18.21). O povo não tinha essa
reposta porque estava em dúvida sobre quem, de fato, era o deus verdadeiro. Elias
sabia muito bem, quem de fato era o seu Deus. Ele jamais faria tal proposta se
não soubesse. Porém, o Senhor tinha provado para seu profeta, que de fato, ele
era o Deus verdadeiro em vários momentos de sua vida.
2 – O problema de não saber quem
adorar. A pergunta de Elias “até quando”, quanto a duplicidade “coxeareis
entre dois pensamentos”. Havia um sincretismo religioso em Israel. Uma
mistura de deuses. Duplicidade de adoração. Elias chama o povo e diz. Vamos
acabar com essa dubiedade. Na Bíblia Almeida Revista e Atualizada diz: “Até
quando vocês ficarão pulando de um lado para o outro? Se o Senhor é Deus,
sigam-no, se é Baal, sigam-no”. Deus
não aceita esse tipo de adoração. Ele quer uma adoração única e
exclusiva para Ele. A duplicidade de adoração, pode estar presente ainda hoje
quando o povo de Deus perde o seu tesouro principal, que é Cristo, dividindo o
coração com outras coisas. Os ídolos não precisam ser necessariamente feitos de
material físico; eles podem estar escondidos no coração humano, como jesus
mesmo falou: “Ninguém pode servir a dois senhores porque ou há de odiar um e
amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus
e a Mamom” (Mt 6.24). Estando este ídolos no coração do homem, dali eles
controlam toda a sua vida e decisões. “Fugi da idolatria”.
3 – O desafio do fogo. Elias era um
homem íntimo de Deus. Para ele não precisava de provas, pois sabia o Deus que
servia. O desafio era para o povo de Israel que coxeava em dois pensamentos. Os
verdadeiros profetas de Deus, são pessoas intimas do Senhor, na oração, jejum,
vida piedosa, e compromisso com a verdade. Esses homens que tem intimidade com
Deus, são levados, impelidos, guiados, conduzidos no seu coração por aquilo que
o Senhor quer fazer. Portanto, não foi a vontade de Elias lançar o desafio, mas
a própria vontade do Deus verdadeiro a quem Israel devia servir. Assim como
Elias confrontou os profetas de Baal e de Aserá diante da idolatria, os servos
do Senhor devem estar dispostos a confrontar todo tipo de pecado nos dias atuais.
II – A ORAÇÃO DE ELIAS
1 – Os preparativos de Elias. A primeira ação do profeta Elias, após os
profetas dos deuses falsos, lutarem, clamarem, e nada acontecer obviamente, foi
reparar o altar de Deus que estava quebrado (1Rs 18. 30-32). Não adianta clamar
se o altar está desarrumado. Nosso Deus exige concerto, renovo. Ele disse
através do profeta Josué “...Santificai-vos, porque amanha fará o SENHOR
maravilhas no meio de vós” (Js 3.5). Quer ver as manifestações de Deus em
sua vida, na sua família, na sua congregação? Então, arrume as pedras do altar.
Assim fez Elias. Nesse preparo vemos: doze pedras, simbolizando as 12 tribos de
Israel, cavou um rego ao redor do altar, colocou a lenha dividiu o bezerro em
pedaços sobre a lenha e pediu que derramasse 12 cântaros de água, de tal
maneira que molhou tudo que havia no altar, e ainda encheu o rego de água,
eliminando qualquer chance de alguém falar que foi ele quem colocou fogo no
altar, levantando dúvidas quanto ao milagre de Deus. Interessante também, é que
Elias arrumou as 12 pedras. Ele era profeta no reino do Norte, poderia muito
bem ter colocado apenas 10 pedras, porém, o profeta do Senhor, precisa estar
pronto para combater as divisões em meio ao Seu povo.
2 – Uma oração confiante. O pastor José Gonçalves afirma que a oração de
Elias revela ao menos três fatos que são cruciais no contexto do livro de
1Reis: 1) Uma teologia correta sobre a divindade “Tu és Deus”; 2) Uma
correta antropologia “Eu sou teu servo”; 3) Uma correta bibliologia “Conforme
a tua palavra” (1Rs 18.36). Uma curta oração, porém, poderosa, confiante,
sabendo a quem estava orando.
O motivo da oração era nobre: “...
para que este povo conheça que tu SENHOR, és Deus” (1Rs 18. 37). Não para
que vejam como eu sou santo, ou, que eu sou poderoso, não, não. Apenas queria
que o povo conhecesse o SENHOR Deus, só isso e nada mais.
3 – A misericórdia de Deus. A resposta
de Deus à oração de Elias, foi uma prova de sua infinita misericórdia, dando ao
povo de Israel uma nova chance de adorá-lo como único e verdadeiro Deus. O
povo, após ver o grande milagre, prostrou-se e adorou ao Senhor dizendo: “Só
o Senhor é Deus, só o Senhor é Deus” (1Rs 18.39). A recompensa desse
reconhecimento, e para mostrar, que o Deus do fogo, da chuva do vento, das
nuvens, não era Baal, mas o SENHOR Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus que
acabara de mandar fogo, agora manda uma torrencial chuva para aquela terra que
estava a quase 4 anos seca.
III – ELIAS EM HOREBE
1 – Os feitos e a exaustão do
profeta. Tiago, o irmão do Senhor, fala
que Elias era um homem sujeito as mesmas paixões que nós (Tg 5.17). Por isso
mesmo, exausto, e com medo, ele foge da zanga de Jezabel. Elias fugiu sozinho
para o deserto. Deitou-se debaixo de uma árvore de zimbro, pediu a morte e
dormiu um profundo sono (1Rs 19.4,5a). Elias chegou a exaustão diante de tantos
embates que enfrentou para fazer o povo de Deus voltar ao caminho certo. Jesus,
para levar o homem ao verdadeiro caminho da reconciliação, antes da cruz,
disse: “... a minha alma está profundamente triste até a morte...” (Mc
14. 34); Paulo, escrevendo aos coríntios disse: “Porque, mesmo quando
chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes, em tudo
fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro” (2Co 7. 5). Disse
mais: “Em trabalhos, fadiga ...; Além das coisas exteriores, me oprime a
cada dia o cuidado de todas as Igrejas” (2Co 11. 27, 28). A palavra grega
para “fadiga” é mochthos, significando tristeza, dor, sofrimento,
trabalho duro. Quando Paulo fala que lhe “oprime”, ele está falando das
barreiras enfrentadas para o cuidado das igrejas.
Elias enfrentou vários fatores
externos desgastantes que lhe causaram desânimo. 1) Oposição ferrenha ao seu
ministério e as causas que defendia “... és tu o perturbador de Israel?”
(1Rs 18. 17); 2)Desapontamento nas suas tentativas de êxito, como no caso do
monte Carmelo, pois, nem sempre, nossos ideais são certo (1Rs 18.43); 3)
experimentou carência de simpatia na resposta que deu a Deus: “ e eu fiquei
só” (1Rs 19.10,14); 4) deixou-se desanimar pela situação espiritual do
povo, porque sabia que a declaração de obediência obtida no Carmelo era apenas
momentânea; 5) ele era um herói da fé (Tg 5.17, mas também um vaso de barro
(2Co 4.7). Devemos tomar cuidado, porque, após uma grande vitória, um grande
triunfo (no caso de Elias) pode vir um estado depressivo.
Elias enfrentou também fatores
internos, com as suas próprias fraquezas e decisões tomadas, como: 1) o seu
isolamento (1Rs 19.3b); 2) Assentou-se debaixo e um zimbro, demonstrando um
estado emocional de desânimo (19.4); 3) dormiu, o que pode demonstrar uma
situação de fuga da imensa dor de estar sendo perseguido (19.5); 4) colocou-se
no lugar de falta de ocupação; 5) deixou-se envolver por sentimentos de
autocomiseração e autopiedade, “e eu fiquei só” e, na segunda vez que
Deus pergunta, ele responde que tinha sido “extremo zeloso” (19.14),
quase que rancoroso. Mostrou uma grande incoerência, porque ele fugia com medo
de morrer, e pediu para morrer (19.4,10). Ele senta debaixo daquele zimbro, em
total decepção e exaustão ministerial, mas o que lhe salva é a sua sinceridade
diante de Deus e a coragem de expor o seu coração diante daquele que tudo pode.
Foi lá no deserto que Elias teve sua vida restaurada. Para o
Cristão, o deserto é o lugar do desnudamento da alma, da abertura do coração e
da exposição dos recônditos mais secretos da interioridade humana para aquele
que tudo vê. Lá no deserto, é onde se abandonam as ilusões, especialmente as de
si mesmo. (muitos vezes nós nos achamos) ai o Senhor nos coloca no
deserto. Portanto, o deserto é um lugar, não necessariamente geográfico, de
estar por inteiro diante de Deus; é um lugar, onde tudo o que nos ilude e nos
engana é desmascarado e coloca-nos face a face com Deus. O deserto é um estado
de coração e de espírito. Pode ser um lugar de dor, mas também de conhecimento
e transformação. É o lugar onde os ídolos são quebrados e as falsas proteções
desaparecem, onde os títulos e as posições não representam nada, é o lugar da nudez total e do abandono completo
em Deus e do encontro pleno com Ele. O deserto é um lugar de ruptura, de
recomeço, de autoconhecimento, de desencantamento das ilusões, de encontro com
Deus, assim como foi com Elias.
2 – A resposta de Deus para Elias. O Senhor
mandou um anjo levar pão e agua para seu servo. Isso revela que a comunhão com
Deus (pão fala de comunhão), e a Palavra, (água fala da Palavra) estavam à
disposição do profeta. O Senhor deu a ele, uma boa refeição, uma noite de sono,
mais uma refeição, e o fez voltar para o lugar da revelação, o monte de Deus
(1Rs 19. 5-8). Em seguida, o Senhor lhe diz que ainda tinha trabalho para ele
fazer, dando novos sentidos para seu ministério (19.15,16).
Deus fez Elias entrar num processo de
cura muito interessante: 1) deu-lhe refrigério físico, providenciando-lhe
descanso, comida e bebida; 2) desafiou-o mentalmente a olhar para si mesmo e
verbalizar as suas preocupações; 3) lhe fortaleceu emocionalmente mostrando o
seu poder; 4) deu-lhe uma nova atribuição a fazer e encorajou-o a retornar ao
trabalho; e 5) providenciou para ele uma companhia para ficar ao seu lado,
Eliseu. Isso mostra que, sempre e infinitamente, Deus é aquele que nos acorda,
alimenta, conforta por intermédio da sua Palavra e que nos convida a caminhar e
a prosseguir.
A Deus seja a gloria
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