Lição 10
O MINISTÉRIO DE MESTRE OU DOUTOR
Texto
Áureo
“De
modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: [...] se é
ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.6,7).
Verdade
Prática
Os
vocacionados por Deus para o ministério do ensino são por Ele chamados para
edificar a Igreja de Cristo.
Leitura Bíblica: Mt 7. 28,29;
At 13.1; Rm 12.6,7; Tg 3.1
Quando o crente é ensinado a estudar a Bíblia para compreender o mundo e a cultura bíblica, relacioná-la com o mundo do século XXI e aplica-la à vida das pessoas de maneira competente, o risco de sofrer o engano é amenizado (2Tm 3.14,15). Para quem pensa ser prejudicial à vida espiritual estudar a Bíblia com seriedade, deveria pensar na elaboração das traduções bíblicas, por exemplo, disponíveis no Brasil. Se não houvesse homens e mulheres levantados por Deus e versados na erudição (línguas hebraica, grega, aramaica, egípcia e outras; a cultura oriental; a arqueologia para se achar manuscritos dos mais antigos possíveis), por certo, não teríamos a Bíblia traduzida em nosso idioma. Por isso, valorizemos quem se esmera por conhecer mais as Escrituras.
I.
JESUS, O
MESTRE POR EXCELÊNCIA.
1.
O mestre da Galileia. Jesus é o doutor e mestre incomparável. Ele excede a
tudo e todos. Ele é singular. Isto é, único. Em todos os outros mestres, por
mais dedicados que sejam, por mais espirituais que sejam, haverá sempre a capa
do primeiro Adão. Ele não. Ele é santo, puro, e a própria sabedoria que se
tornou homem por vontade do Pai. “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando
nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino...” (Mt 4.23). Ele
pregava com amor e ao mesmo tempo com autoridade. Foi assim que a multidão o viu,
após terminar o Sermão da Montanha (Mt 7.28,29). Jesus transtornava a
consciência do acomodado (Jo 2. 15,16) e aquietava o coração do perturbado (Jo
14.1).
2.
O mestre divino. Jesus é chamado de Mestre cerca de quarenta e cinco vezes ao longo do
Novo Testamento. Não foi por outra causa, que os membros do sinédrio, que eram
homens considerados mestres da sociedade judaica, ficaram tão furiosos com ele,
pois, mesmo sem ter ido aos pés dos mestres da época, como Gamaliel, podia, já
com seus doze anos, ouvi-los e interroga-los, e todos os que o ouviam admiravam
a sua inteligência e respostas (Lc 2. 42,46,47). A Bíblia diz “E crescia
Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”
(Lc 2. 52). Nicodemos, que era um dos principais mestres em Israel, reconheceu
Jesus como Rabi, e ainda mais, como Rabi divino (Jo 3.1,2).
3.
O mestre da humildade. É comum que aqueles que vão estudando, galgando
postos na sociedade, sendo tratados com deferência em meio à sociedade que
frequentam, ter um ar de superioridade. Muitos até preferem demostrar isto.
Outros, se deslizam e demostram um ar de humildade, mas, se cobrados para tomar
alguma atitude, que eles entendam ser para outros cidadãos considerados de
menor graduação, rejeitam instintivamente. Eis ai a grande diferença Do Mestre
dos mestres, Jesus Cristo. Ele não achou nada demais, despir-se da roupa
superior que os judeus usavam, e tomar uma bacia com água e uma toalha, lavar
os pés dos discípulos e ao mesmo tempo enxuga-los (Jo 13.4,5). Isso era demais. Pedro retrucou: “...Senhor,
tu lavas-me os pés a mim?” Na Bíblia Viva diz: “...Mestre, o Senhor vai
lavar os meus pés?”, e completa: “Nunca me lavarás os pés” (Jo 13.
6,8). Isso parecia um absurdo para os discípulos, principalmente para Pedro. O
que aconteceu, foi, porque o que Jesus ensinava ele também praticava. Aliás,
Jesus primeiramente fazia e logo ensinava (At 1.1). Estamos cheios dos mestres
que ensinam mas não praticam o que ensinam. Estamos cheios dos que ensinam
perdão e não perdoam. Ensinam amar e não amam. Ensinam a praticar o bem, ser
benignos mas são verdadeiros carrascos, ensinam a humildade, porém são
exaltados. Jesus nos convida a seguir suas pisadas, quando disse aos seus
discípulos: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o Sou.
Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés
uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que como eu vos fiz, façais
vós também” (Jo 13.13-15). Jesus estava tratando com homens, que queriam a
primazia, como os filhos de Zebedeu (Mt 20.20,21); com discípulos que queriam
saber quem era o maior entre eles (Lc 22.24), e essa lição de humildade
precisava ser passada a eles. Será que precisamos também?
II. O ENSINO DAS ESCRITURAS NA IGREJA DO PRIMEIRO
SÉCULO
1.
Uma ordem de Jesus. A ordem de ensinar a “todas as nações” partiu dos lábios do maior
e mais sublime Mestre, nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19,20). O ensino é mais
que um pregação. Nós vemos isto na igreja em Bereia, onde os membros daquela
igreja foram chamados de “... mais nobres do que os que estavam em
Tessalônica, porque de bom receberam a palavra, examinando cada dia nas
Escrituras se estas eram assim” (At 17. 11). Ensino é isso: ler, explicar,
voltar a ler e a explicar até que os alunos, ou discípulos possam entender o
sentido ou significado do que está sendo ensinado (Ne 8.8). Após a descida do
Espírito Santo, o discurso de Pedro foi um verdadeiro estudo bíblico para todos
seus ouvintes (At 2. 14-36). Tanto foi uma aula para aquele povo, que, sem
aguentar mais, o povo perguntou: “...que faremos varões irmãos? (At
2.37). Lucas usa aqui a palavra “compungiram-se em seu coração...”. Essa
palavra vem do grego katanissõ, que significa perfurar completamente,
ferir até o âmago. É isso que o ensino causa. Ele causa marcas indeléveis.
Assim como as placas de braile são perfuradas, é o coração do homem perfurado
com a lei de Deus (Jr 31.33). É isso, ensinar a palavra de Deus, é escrever as
leis de Deus nos corações dos homens.
2.
A doutrina dos apóstolos. (At 2.42,43). O termo “doutrina dos apóstolos” que
fala o texto, refere-se ao conjunto de ensinos de Cristo ministrados por eles
de forma constante e eficaz para o crescimento integral dos novos crentes. Eles
precisavam formar o caráter de Cristo naqueles novos convertidos. Veja o que
ocorreu em Antioquia com a chegada de Barnabé e Saulo (At 11. 19-26). O ensino
sistemático das Escrituras convertem os homens em pequenos cristos. Tendo em
vista a plena edificação da igreja na Palavra, o Senhor Jesus, através do
Espírito Santo, dotou alguns de seus servos com o dom ministerial de mestres e
doutores (Ef 4.11-16; 1Co 12.28,29). O comentador de nossa lição, pastor Elinaldo
Renovato de Lima, nos diz que “Esse dom é uma capacitação sobrenatural do
Espírito Santo”. Alerta porém, que isso não significa que devemos descuidar de
nossa capacitação e formação intelectual, pois o preparo para o ensino passa
pela capacidade de aprender para posteriormente ensinar. Foi o que disse Paulo
à Timóteo: “Persiste em ler, exortar e ensinar, ...” (1Tm 4.13).
Primeiro leia depois ensine!
3.
Ensinamento persistente. Os apóstolos foram os primeiro mestres da Igreja (At
5.40-42; 6.4). Fosse no templo ou nas casas eles estavam ensinando a Palavra e
pregando o evangelho. A pregação era para convencimento dos pecadores, e o
ensino para preparar os discípulos para a vida cristã plena. Paulo, ao falar
aos anciãos da cidade de Éfeso, disse que não deixou de ensinar tudo que fosse útil. Tudo que fosse proveitoso
para seu viver diário como cristão (At 20. 20,21). Em Antioquia havia também
doutores (At 13.1). Da mesma maneira, nosso Deus, continua levantando homens
dotados desse maravilhoso dom, para a edificação de sua igreja. Vivemos dias,
onde muitos pregadores apenas nadam em águas rasas, e querem fazer apenas
barulho, principalmente em meio ao nosso arraial pentecostal, pois sabem eles,
que muitos irmãos, são mais levados por movimento que pela Palavra. Porém, está
havendo um despertamento muito grande pelo ensino da Palavra de Deus. Entendo
que, o pregador que não se esmerar no estudo da palavra. Que permanecer apenas
buscando chavões, e temas superficiais, ficará falando sozinho, pois a igreja
de hoje está querendo a Palavra. Tem crescido o numero de crentes que querem
ouvir as antigas pregações de John Wesley, Jorge Whitefield, Leonard Ravenhill
, Martin Lloyd Jones, John Owen, etc. Pois são pregações ensinadas e temperadas
com o poder do Espírito Santo. Duas coisas precisam estar intrínsecas no
ministério do ensino exigido pelo Mestre Jesus aos seus apóstolos: Informação e
transformação. O Manual de Ensino para o
Educador Cristão, CPAD, nos diz que esse tipo de instrução é muito exigente e
inacreditavelmente difícil de se realizar. O mesmo Manual nos informa, que não
havia uma posição mais alta na escada da sociedade do que a de rabino, quer
dizer, mestre.
III.
A
IMPORTÂNCIA DO DOM MINISTERIAL DE MESTRE
1.
Uma necessidade urgente da igreja. Nosso comentarista da lição, faz um alerta
muito sério: “Muitas vezes, por absoluta falta de preparo dos obreiros,
predomina a superficialidade bíblica, a infantilidade “espiritual” e o aumento
do engano promovido pelas astúcias dos falsos mestres (2Pe 2.1). Paulo nos
advertiu quanto aos obreiros neófitos, quer dizer, noviços, novatos, sem
experiencias, dizendo: “Não neófito, para que ensoberbecendo-se, não caia na
condenação do diabo” (1Tm 3. 6); disse mais: “Mas o Espírito
expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de
homens que falam mentira, tendo cauterizada a própria consciência” (1Tm
4.1,2). Ler também (1Tm 6. 3-5). Para combater essas doutrinas heréticas,
somente com homens dotados desse maravilhoso dom de mestre, que manejam bem a
Palavra da verdade (2Tm 2.15).
2.
A responsabilidade de um discipulado contínuo. Quem ensina, instrui os
crentes para a maturidade da fé. O profeta Oseias disse: “Conheçamos e
prossigamos em conhecer ao Senhor: como a alva, será a sua saída; e ele a nós
virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3). Salomão
escreveu dizendo: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18). É assim o
conhecimento de Deus, como a alva, como a chuva serôdia. A chuva serôdia não é
uma chuva forte, que vem arrastando tudo, não, ela é lenta, mais duradoura.
Vejamos o que disse Moisés: “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile o
meu dito como orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a
relva” (Dt 32.2). É um aprendizado diário, permanente e contínuo, tanto
para quem é discipulado quanto para quem está discipulando.
3.
Requisitos necessários ao mestre. Como a igreja pode reconhecer que uma pessoa
tem esse dom ministerial:
a.
Ser um salvo em Cristo. Eu não posso pregar aquilo que não creio. Disse
Paulo: “E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri;
por isso, falei. Nós cremos também; por isso, também falamos” (2Co 4.13). Paulo
disse a Timóteo: “Tem cuidado de te mesmo e da doutrina...” (1Tm 4. 16).
Disse o comentarista: “Infelizmente há pessoas que não creem naquilo que
ensinam. Assim, não há verdade nem firmeza nelas”.
b.
O hábito de ler. Segundo o pastor Elinaldo, a
leitura é um problema cultural em nosso país. Quer dizer: os brasileiros leem
pouco. Se as pessoas leem pouco, a igreja pouco lerá, disse ele. Porém, como
pode uma pessoa, que se julga mestre da palavra de Deus, ler pouco? Paulo
levava a sério o hábito da leitura em seu ministério (1Tm 4.13; 2Tm 4.13).
c.
Preparo intelectual. Como falamos no
princípio dessa lição; o mestre nos ajudará a compreender o mundo da Bíblia
(suas questões culturais, linguísticas, exegéticas etc.) para não fazer
apelação fantasiosas, apresentando-as como exposição da Palavra de Deus.
d.
Um coração em chamas. Martim Lloyd Jones dizia que a
verdadeira pregação era teologia em fogo. Não há nada mais difícil que comer
feijão e arroz crus. Tem pregadores e ensinadores que são muito instruídos e
eruditos, mas, querem forçar o povo a comer o alimento cru. Toda palavra do
mestre, precisa ser passada pelo fogo do céu. Sem dúvida, podemos usar os
avanços da ciência, bem como das ciência bíblicas para pregar a Palavra de Deus
na unção do Espírito Santo. O que não podemos deixar é que a ciência nos inche,
a ponto de não darmos mais lugar ao Espírito Santo de Deus, e as mensagens se
tornarem ervilhas secas caindo em telhados de zinco. Pregadores de mentes
cheias e corações vazios; Muita letra e pouca unção; Muita psicologia e pouco
Bíblia; muito conhecimento e pouco fogo do Espírito. Um mestre nas Escrituras,
será sem dúvida um homem de vida piedosa, amante da santidade e um amante de
Cristo Jesus nosso Mestre por excelência (Jo 21.15-17; At 3.12-26).
CONCLUSÃO
O mestre é um didaskalos, um instrutor (1Tm 2.7; 2Tm 1.11; Mt
10.24); um rabi, professor (Jo 1.38; 20.16). O crente, principalmente os
que querem exercer a função de mestre na casa do Senhor, devem buscar com zelo
esse dom, e procurar se esmerar nos estudos da Palavra de Deus, sem o abandono
do poder de Deus. Como disse Jesus “...Errais não conhecendo as Escrituras,
nem o poder de Deus” (Mt 22.29). Após ensinar por três anos aos seus discípulos,
ao ressuscitar Jesus disse: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu
Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de
poder” (Lc 24.49). Paulo, além de ser um homem preparado no saber, era
também cheio do Espírito Santo (At 26.24; 9.17; 19. 6,15).
Amém
Pr Daniel Nunes da Silva
1 comentários:
Glória a Deus. Parabéns meu pastor pelo artigo, que o Senhor continue iluminando sua mente para seguir nos instruindo.
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