O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
I.
O QUE SIGNIFICA “BATISMO NO ESPÍRITO SANTO”.
Há uma clareza
cristalina no Novo Testamento, que a Salvação é uma coisa, e o Batismo no ou com
o Espírito Santo é outra coisa. São duas bênçãos espirituais distintas uma da
outra.
1. O fenômeno do
Pentecostes. O explicação mais clara, que se trata desse assunto
é o de João Batista (Mt 3.11). Ele faz diferença entre o batismo para o
arrependimento e o batismo com o Espírito Santo. Essa promessa reaparece nas
passagens de (Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Antes de sua ascensão aos céus, Jesus
se referiu a ela com a “Promessa de meu Pai” (Lc 24.49), dizendo que os
discípulos deveriam espera-la em Jerusalém (At 1.4,5). Não há nenhuma dúvida de
que a descida do Espírito Santo no dia de pentecostes é uma referencia a essa
batismo (At 2.2-4). O próprio Pedro, em sua defesa, por ter ido na casa do
centurião romano, diz: “E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João
certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” (At
11. 16). Então, a expressão “cheios do Espírito” em Atos 2.4, refere-se ao
batismo no Espírito Santo.
2. Duas bênçãos distintas. Aquele que nasceu de novo tem o Espírito Santo (Jo 3. 5-8). Isso
nós os pentecostais ensinamos. O Espírito Santo habita em todo crente, seja ele
pentecostal ou não (1Co 3.16;6.19). Tenho ensinado durante vários cultos de
doutrina sobre essa habitação do Espírito Santo na vida do crente. Quem não tem o
Espírito Santo é o homem não regenerado, não nascido de novo (Rm 8.9). Esses
que não tem o Espírito Santo, não pertencem a Cristo. Não podemos, porém, achar
que a experiência da salvação, e a do batismo no Espírito Santo sejam a mesma
coisa, porque definitivamente não são. Os não pentecostais, ou os cessacionistas,
vão dizer que sim. Porém, essa afirmativa não resiste a exegese dos textos sagrados.
Vejamos: Os discípulos já eram salvos mesmos antes de receberem o batismo no Espírito Santo (Lc
10.20; Jo 20.22); Já conheciam a Cristo (Jo 14. 7); Já não eram mais deste
mundo (Jo 17. 16). Já estavam santificados na verdade (Jo 17.17). Aliás, todos
os que estavam no cenáculo no dia da descida do Espírito Santo eram crentes em
Jesus Cristo (At 1.12-14). Tudo isso confirma a nossa doutrina pentecostal de
que a benção de ser batizado no Espírito Santo é distinta da conversão. (At 8,
12-17; 9.17; 19. 2-6).
3. O conceito teológico. São dois pontos fundamentais sobre o conceito do pentecostalismo clássico de batismo no Espírito Santo: a) Trata-se de uma experiência espiritual do crente com o Espírito de Deus, separada da conversão, na qual ele “entra em uma nova fase em relação ao Espírito”; b) tem o falar em línguas, glossolalia, como evidencia física inicial do batismo. Essa é nossa doutrina da Assembleia de Deus conforme nossa confissão de fé, e a mesma tem fundamentos sólidos no Novo Testamento (Lc 24.49; At 9.17; 10. 44-48). Outro sim: cremos no que está escrito em Atos 2. 38,39, que a promessa, que se cumpriu no dia de pentecostes, se expandiu na era da igreja primitiva e permanece até os dias atuais. Por mais que procurem com a lupa da incredulidade nas páginas do Novo Testamento, não encontrarão o final dessa promessa.
II.
O PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
De posse do
conhecimento, de que o batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da
conversão, e que esse batismo é a plenitude do Espírito Santo na vida de quem
tem Jesus no coração, precisamos agora entender, qual o verdadeiro propósito
dessa plenitude, desse enchimento e
desse batismo espiritual.
1.
Finalidade. Atos 1.8, deixa bem claro o
propósito ou a finalidade do derramamento do Espírito Santo. Quando de fato o
Espírito desce, enchendo os que estavam no cenáculo, e o povo assustado começa
a indagar o que era de fato aquilo, Pedro responde, citando a profecia de Joel 2.
28,29; At 2. 16-18. Pode-se então elencar as seguintes finalidades: a)
Poder para uma vida de serviço eficaz, onde aqueles que recebem, se tornam
testemunhas verazes de Jesus (At 1.8); b) Pureza e santificação,
simbolizada pelas línguas de fogo (Mt 3.11; At 15. 8,9 Is 4.4; 6.6,7); c)
O revestimento pleno do poder de Deus, “Todos foram cheios do Espírito Santo”; d)
Glorificação do nome de Jesus e proclamação de suas grandezas (Jo 16.14; At
2.11; 10.46).
2.
A capacitação do Espírito. “Batismo”
significa imersão, mergulho. As expressões “derramar” o Espírito sobre os
irmãos e as irmãs ou “serem cheios” do Espírito para se referir ao batismo no
Espírito Santo, podem lançar luz sobre o propósito dessa promessa, pois, ser
imerso significa capacitação. Ou seja, revelação dos mistérios de Deus (Ef
3.5); poder para testemunhar (At 1.8); profetizar (At 11. 28) e realizar
milagres (Rm 15.19).
3.
Uma necessidade real e atual. Houveram
três manifestações sobrenaturais na descida do Espírito Santo: a) Um som
como de um vento veemente e impetuoso; b) línguas repartidas como que de
fogo; c) as línguas faladas pelos discípulos, conforme o Espírito Santo
concedia a cada um que falasse. Os dois primeiros sinais não se repetiram e não
se repetem mais. Foram apenas sinais, anunciando a chegada do glorioso Espírito
Santo de Deus. Se para a chegada do Filho, um coral de anjos veio cantar, para
a chegada do Espírito, vieram o som do vento e as línguas como que de fogo.
Porém, as línguas estranhas sim, essas se repetiram, e se repetem até os dias
atuais (At 2. 38,39).
Como receber
o batismo com o Espírito Santo? Devemos ter cuidado com aqueles que
estão ensinando a falar línguas. Há igrejas que tem cursos para isto. Uma verdadeira aberração. João deixou claro, que Jesus seria o batizador com o
Espírito Santo (Jo 1.33). E, quanto ao falar em línguas, quem ensina, concede,
habilita, capacita, é o próprio Espírito
Santo (At 2.4). Não existe nenhuma fórmula mágica, ou regra para se receber o
batismo com Espírito Santo. Jesus manda que devemos buscar com perseverança (Lc
11. 9-13).
III. O RECEBIMENTO
E A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO.
1.
As outras línguas. As “outras
línguas”, a glossolalia, são ininteligíveis, e evidência externa, física
e inicial do batismo no Espírito Santo (vv. 3,4). A Declaração de fé das
Assembleias de Deus acrescenta o seguinte: “Mas somente a evidencia inicial,
pois há evidência contínua da presença especial do Espírito Santo como o “fruto
do Espírito” (Gal 5.22) e a manifestação dos dons (1Co 14.1)”.
Charles Fox
Pahram e Willian J. Seymor foram pioneiros nos debates sobre essa evidência do
falar em línguas no pentecostalismo moderno. Seymor liderou o movimento na
famosa rua Azusa em Los Angeles. O movimento se espalhou pelos Estados Unidos,
diversas regiões da Europa, como Alemanha, Inglaterra e Suíça. Mas, foi na primeira conferencia Mundial Pentecostal,
organizada em Zurique, Suíça, em 1947, que a doutrina da evidência das línguas
foi de fato afirmada.
Vamos às
Escrituras. O fenômeno “falar em outras línguas”, aparece
explicitamente três vezes associado diretamente a ação do batismo no Espírito
Santo (At 2.4; 10.44-48; 19.1-7). As línguas de Atos 2. 1-13, são
ininteligíveis. Lucas emprega dois
termos para “línguas” na narrativa do dia de pentecostes: glõssa
(vv 3,4,11) e dialektos (vv 6. 8). Glõssa significa “língua”,
como fala, linguagem, “idioma” e também membro ou órgão físico da boca (Tg 3.5),
que aparece metaforicamente no relato de Lucas. “E apareceram entre eles,
línguas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (v.3). Ao
serem cheios do Espirito Santo, os discípulos e as discípulas de Jesus “começaram
a falar em outras línguas” (v 4). Em uma exegese exata, clara, entende-se
que Lucas está falando aqui de línguas ininteligível. A palavra “outras” em
grego heteros, assim: lalein
heteros glõssais, = “falar em outras línguas”. Segundo o dicionário
Vine, o adjetivo heteros “expressa uma diferença qualitativa e denota
‘outro’ de tipo diferente” Lucas está falando de uma língua que só pode ser
compreendida por um milagre. “Todos os temos ouvido falar em nossas
próprias línguas falar das grandezas de Deus” (v.11). Paulo usa a mesma
expressão em 1Corintios 14.5). Quer dizer, tanto Lucas quanto Paulo estão
falando de línguas ininteligíveis, a não ser que Deus mesmo, através do seu
Espírito, dê a interpretação (1Co 12.10, 14.13). Dialektos é a linguagem de um país, “idioma”, “dialeto”.
Essa palavra aparece aqui, no dia de Pentecostes (v 8) e mais quatro vezes no
Novo Testamento (At 1. 19; 21.40; 22.2; 26.14).
2.
A função das línguas. Além de sinalizar que o crente está batizado
no Espírito Santo, está associada: a) a oração de edificação pessoal
(1Co 14.2,4); b) o recebimento do poder profético (At 2.4,17; c)
Falamos em mistério com Deus em oração (1Co 14.14,16,17). Portanto, línguas
estranhas, não é para que o crente fique mostrando ser muito espiritual; nem
que para ser usada no momento que se esquece de algo que queria falar; etc.
Devemos também ter muito cuidado com as piadinhas com línguas estranhas.
3.
Atualidade das línguas. Esse
assunto, já foi debatido em pontos anteriores, mas, vamos ressaltar, que a
promessa continua vigente. Pois em Atos 2.39, Pedro disse: “Porque a
promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe:
a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”. E Paulo nos adverte dizendo:
“Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar
línguas” (1Co 14. 39).
Amém.