Hebreus 3
Perseverança
é a qualidade de quem persevera, insiste e tem constância no que faz. Começar,
muitos começam; mas, terminar é para poucos. Quando se trata do Evangelho, a
coisa fica ainda mais difícil, pois Jesus, nosso Mestre por excelência disse
que o caminho é apertado, e a porta é estreita e são poucos os que vão entrar
por ela. Vejamos na Palavra: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão
entrar e não poderão” (Lc 13.34); “Entrai
pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à
perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e
apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”
(Mt 7.13,14). Portanto, perseverança na vida de um crente salvo é preponderante para que ela vá até ao fim.
Vejamos
alguns exemplos de perseverança:
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ENOQUE. Enoque
perseverou até ao fim andando com Deus (Gn 5. 21-24). Enoque que foi
transladado para não ver a morte, como nos fala o Escritor aos Hebreus 11.5, é
símbolo da igreja perseverante que será arrebatada antes da grande tribulação (Mt
24.13). Disse o Senhor a Igreja de Filadélfia: “Como guardaste a Palavra da
minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre
o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10). – 3ª estrofe do
hino 26 da HC.
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PERSEVERANÇA
DE JOSUÉ EM SERVIR O SERVO DO SENHOR MOISÉS (Ex 33.11). Enquanto os
outros viam de longe o serviço que Moisés prestava para Deus, a Bíblia nos diz
que Josué não se apartava da tenda. Josué é símbolo da Igreja que espera Jesus
trabalhando em sua obra (1Co 15.58). O hino 115 da HC.
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A PERSEVERANÇA
DE JOSUÉ E SUA FAMILIA EM SERVIR AO SENHOR (Js 24.15). Josué aqui já
estava velho (Js 13.1). A velhice, ou como chamamos hoje, a terceira idade, não
deve ser obstáculo para falta de perseverança nos caminhos do Senhor. Josué
porém, permanecia fiel ao seu princípio de fé: “... porém, eu e a minha casa, serviremos ao Senhor”. Josué é sua
família simbolizam aqui, a igreja formada por famílias, que aguardam, sem
abandonar seus princípios de fé a bem-aventurada esperança da vinda de Jesus (1Tm
1.5).
·
A
PERSEVERANÇA DE ELIZEU EM SERVIR ELIAS (2Rs 2.2,4,6,9-14). Elizeu não
concordou em ficar parado em lugar nenhum. Elias disse três vezes para ele:
Fica-te aqui que eu vou a Betel; fica-te aqui que eu vou a Jericó; fica-te aqui
que eu vou para o Jordão. Elizeu as três vezes disse: “Vive o Senhor, e vive a
tua alma, que te não deixarei”. Isso se chama perseverança. Há porém uma
palavra muito forte de Elias para Elizeu: “Se
me vires quando for tomado de ti”. Elizeu viu. Viu por quê? Porque estava
apercebido ao sinal que haveria. Elizeu é símbolo da igreja que espera Jesus de
olhos abertos aos sinais proféticos, que antecedem a volta de Jesus (Lc
21.25-28).
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A ORDEM
DE DEUS A DANIEL. O Senhor disse ao profeta Daniel: “Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás
estarás na tua sorte, no fim dos dias” (Dn 12.13). Na Nova Versão
Internacional diz: “Quanto a você, siga o
seu caminho até o fim. Você descansará e, então, no final dos dias, você se
levantará para receber a herança que lhe cabe”. Salomão disse: “Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio”
(Ec 7.8 – ARA). Os apóstolos Paulo e João nos exorta à perseverança (1Co
15.1,2; 2Co 13.5; 1Jo 2.28).
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VAMOS AO
TEXTO DE HEBREUS. O pastor José Gonçalves, diz que a Carta aos
Hebreus, é carta mais arminiana que existe. Bom é examinar as Escrituras, como
faziam os bereanos (At 17. 10,11), e por isso foram chamados de “mais nobres”,
e não ficar repetindo como papagaio aquilo que ouve, sem um exame cuidadoso e minucioso
das Escrituras. As falácias de que crente não pode cair da graça; uma vez salvo,
salvo para sempre, não resiste um exame sério da carta aos Hebreus. Vamos saber
o porquê.
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“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós
um coração mau e infiel, para se apartar
do Deus vivo (He 3.12 – ARC); “Tendo cuidado, irmãos, jamais aconteça haver
em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” (ARA); “Portanto, tomem cuidado com seus próprios
corações, irmãos, para que não se tornem maus e incrédulos, levando vocês para longe do Deus vivo” (Bíblia Viva). Esta
expressão pode ser comparada com Efésios 2.13.
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A palavra apartar
– ARC; separar – ARA; levando para longe – BV, vem do grego “afhistêmi”,
e suas variantes, “apostenai”, “apostau”, “apostasia”, que significam: arrastar,
instigar a revolta, desistir, desertar, partir, despencar, evitar, retirar-se.
Significa que, caso nosso coração se torne infiel, ele, o nosso próprio
coração, como diz a Bíblia Viva, pode nos instigar, coagir, a sermos infiéis ao
Deus vivo, abandonando a sua aliança. Há um termo semelhante no livro de Atos
do Apóstolos 5.37, onde diz: “Depois
deste, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito
povo após si; mas também este pereceu, e todos
os que lhe deram ouvidos foram dispersos”.
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Esse termo afhistêmi
aparece em Atos 15.38, no sentido de
abandonar, desertar: “Mas a Paulo parecia
razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou
naquela obra”.
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Mas esse termo também tem o sentido de apostasia
mesmo, no sentido de revoltar contra. Em Lucas 8.13 diz: “E os que estão sobre a pedra, estes são os que, ouvindo a Palavra, a
recebem com alegria, mas, como não tem raiz, apenas creem por algum tempo e, no
tempo da tentação, se desviam”. A palavra grega “apostasion” tem
também o significado de “acta de divórcio”. Em 1ª Timóteo 4.1 diz: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos
últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores e a doutrinas demônios“.
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Aqui neste capítulo 3 de Hebreus, o escritor usa a
experiencia da rebelião do povo de Israel, para exortar aos crentes judeus, a
não se apartarem do Deus vivo. No capítulo 2.1-4, ele já havia começado essa
exortação, quando disse: “Portanto,
convém-nos atentar, com mais diligencia, para as coisas que já temos ouvido,
para que, em tempo algum, nos desviemos delas. Porque se a palavra
falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa transgressão,
como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual,
começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a
ouviram, testificando também Deus com eles, por sinais, milagres, e várias
maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade”.
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No versículo 13 diz: “Antes, exortar-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se
chama hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”.
A exortação é uma tábua de salvação. Vejamos o conselho paulino, quanto a
profecia: “Mas o que profetiza fala aos
homens para edificação, exortação e consolação” (1Co 14.3). O
escritor aos Hebreus manda que as exortações sejam diárias. Pedro disse assim:
“Pelo que não deixarei de exortar-vos
sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais e estejais
confirmados na presente verdade” (2Pe 1.12).
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O pecado embrutece, quer dizer, endurece o coração
do homem. O escritor aos Hebreus diz: “Para
que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (3.13b).
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Antes,
aquele coração brando, suave, recebia a Palavra de Deus com tanta
satisfação, mesmo que, muitas vezes com lutas e provações, como os crentes em
Tessalônica: “Porque o nosso evangelho
não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e
em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. E vós
fostes feitos nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra em muita
tribulação, como gozo do Espírito Santo” (1Ts 1. 5,4). Porém o pecado
endureceu-o, e agora a palavra chega, mas não surte mais efeito, por causa da
dureza no coração, causada pelo engano do pecado.
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No
versículo 14, diz: “Porque
nos tornamos participantes de Cristo, se
retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim”. Vai
até ao fim. O céu não será para os que param no meio da caminhada. Não será
para aqueles que começaram, mas sim, para aqueles que terminaram a sua
caminhada: “ – O coro do hino 291 da HC.
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Veremos agora,
alguns versículos dentro da carta aos Hebreus, que nos fala sobre
perseverança, e o perigo que corremos de cair, caso não permaneçamos fieis aos
Senhor:
a. A
incredulidade impedirá a muitos de adentrarem no reino dos céus: “Vemos, pois, que não puderam entrar por
causa da incredulidade” (Hb 3.19);. Aqui temos a figura de Moisés, que
arruinou o Tipo, quando feriu a rocha duas vezes (Ex 17. 5-7; Nm 20. 7-12; Hb
9.24-26; 10.10-12,14; Nm 20.24; 27.12-14)
b. É necessário esforço de cada
um daqueles que estão no caminho: “Esforcemo-nos,
pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.
11);“Porfiai por entrar pela porta
estreita,...” (Lc 13.34a).
c. O grande perigo daqueles que já participaram
dos dons de Deus, caírem: “É
impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom
celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a
boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para o
arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho
de Deus expondo-o à ignomínia” (Hb 6. 4-6).
d. “Desejamos, porém, continue cada um de vós
mostrando, até ao fim, a mesma diligencia para a plena certeza da esperança”
(Hb 6. 11).
e. “Guardemos firme a confissão da esperança sem
vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos
outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos,
como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes
que o dia se aproxima” (Hb 10. 23-25).
f. Há possibilidade de um crente que conheceu a
palavra de Deus plenamente, viver voluntariamente no pecado: “Porque, se vivemos deliberadamente em pecado,
depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta
sacrifício pelos pecados” (Hb 10. 26); Continua o escritor: “pelo contrário, certa expectação horrível de
juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversário” (Hb 10. 27). Se o
remédio que é o evangelho, não fizer efeito na as vida, então já não resta mais
sacrifício a ser feito. É como um enfermo, que o médico aplica o remédio certo,
mas, ele não reage. Então o médico vai desengana-lo.
g. É possível um santificado profanar o sangue
de Jesus: “De quanto mais severo
castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de
Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o
Espírito da graça” (Hb 10. 29). Então ele exorta: “Não abandoneis, portanto a vossa confiança; ela tem grande galardão.
Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a
vontade de Deus, alcanceis a promessa”; “Todavia, o meu justo viverá pela fé;
e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma. Nós, porém, não somos dos
que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da
alma” (Hb 10. 35-39).
h. Pode haver amargura no coração dos salvos: “Atentando, diligentemente, por que ninguém
seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de
amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam
contaminados” (Hb 12. 15). Ver 25,28.
Portanto,
aprendemos nesse estudo, que a perseverança dos salvos que receberam a graça de
Deus para a salvação, e pelo suprimento dessa mesma graça, permaneçam lutando e
se esforçando para ir até ao fim.
Que Deus
em Cristo vos abençoem.
Pr Daniel
Nunes da Silva