João 13. 15
O que um aspirante a líder pensa em ser? Se a resposta for
baseada em nossa sociedade atual seria: Rico, poderoso e muito bem quisto. Mas
se for baseada no exemplo servil de nosso Mestre Jesus, a resposta seria bem
diferente. Ele deixou-nos bem claro os objetivos do Reino de Deus,
mostrando-nos que são opostos entre si. Enquanto a grandeza do reino do mundo
mede pelo poder e pela fama, a de Deus é medida pelo espírito serviçal, onde
nosso Senhor Jesus Cristo foi o exemplo maior, quando disse: “Pois o filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc
10.45).
A Palavra de Deus dá grande ênfase ao espírito servil.
Kenneth C. Fleming, em seu livro “Ele Humilhou-se a si mesmo”, nos recorda, que
a Concordância Bíblica da Sociedade Bíblica do Brasil apresenta cinquenta
referencias ao verbo “servir”, 800 ao substantivo “servo”, mais de 300 às palavras
derivadas de “servo”, e ainda 130 para as palavras “escravo, escravizar e
escravidão”. Deixando assim bem lúcido que as pessoas que Deus mais usa, são
também as mais dispostas a serem servas.
SIRVA-SE A SI MESMO
Antigamente a arte de servir era praticada em todos os
lugares. Nas lojas, supermercados, bancos, restaurantes, etc. Hoje é tudo
colocado de maneira que o cliente possa servir-se a si mesmo. Essa moda de
servir-se a si mesmo pegou até dentro das igrejas. Antigamente lutávamos para
servir aos outros, agora queremos nos servir e sermos servidos.
Notamos pelos diáconos: Não há diácono que queira ficar na
nave da igreja para servir a ninguém. Quando são separados ao diaconato,
procura logo um lugar ao púlpito para sentar-se e ser servido. Quer o melhor
lugar, saudação com bajulações, água fria; só tá faltando o cafezinho!
Quem é o personagem principal na realização do culto?
(Logico, sem falar na trindade Santa) O ministro (1Co 4.1). Qual o significado
de ministro?
a.
Vem
do grego “huperetes”. Do substantivo “hupo”. Sob, debaixo, e “eretes”, um
remador subordinado; servo auxiliar ou assistente.
b.
É
uma palavra sinônima de “diákonos” = um servo; ministro, diácono;
c.
“doulos”
= escravo, servo;
d.
“therapon”
um servo, um criado;
e.
“leitorgos”
= um servo público;
f.
“mithios”=
aquele que é contratado para realizar certa tarefa, um servo contratado;
g.
“oiketes”
= um servo doméstico.
VAI DOER, MAS VOU FALAR.
Nós pastores, não mais vivemos como servos. Os nossos ternos
não são mais de servos. Nossos sapatos não são mais de servos. Nossos carros
não são mais de servos. Nossos púlpitos não são mais de servos. Nossas mesas
não são mais de servos. Nossos gabinetes não são mais de servos. Nossas casas
não são mais de servos. Por quê? Porque nós representamos uma geração de
crentes que não querem mais ser servos. Eles nos dão tudo, mas não querem que
lhes exijamos e nem que cobremos nada. Querem a poltrona macia para sentar, o
ar condicionado para refrescar, um culto que não passe de uma hora e meia, uma
orquestra bem afinada para ouvir, um sermão que de preferencia seja bem brando,
pois não estão dispostos a ouvir nada que seja pesado (2Tm 4.3). E nós,
entramos nessa onda! Portanto, precisamos urgentemente orar como Daniel orou
(Dn 9.3-11). E digo para meus amados companheiros, com tremor e temor: Não acho
que estamos dispostos a fazer isso!
Ano vem e ano vai. Há ensino todos os dias. Escolas de
obreiros da melhor qualidade. Mas, nossos ouvidos se tornaram lisos. Alisados e
untados com sebo, para não ficar nada do que ouvimos, mas escorregar tudo para
o lado de fora do coração. Jesus continua perto, mas fora dizendo: “Eis que estou à porta e bato; se alguém
ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa (coração) e com ele
cearei e ele comigo” (Ap 3.20).
OS DOIS ASPECTOS DE SERVO
Ação em favor do próximo e submissão a um Senhor.
Um
conceito de Fleming muito importante que não posso deixar de ressaltar é o
seguinte: “O espírito de serviço cristão é o transbordamento da vida cristã
em prol do próximo, assim como o culto é o transbordamento da vida cristã na
direção de Deus”.
O transbordamento da vida cristã em
prol do próximo.
Ouçamos o apóstolo Paulo: “Não atente
cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos
outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo
Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens, e, achando na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte e morte de cruz” (Fil 2. 4-8).
1.
O
primeiro aspecto é representado pela palavra grega, diáconos. É muito usada no
Novo Testamento, quase sempre traduzida
como “servo”. Em alguns lugares, traduzida como “ministro” (2Co 6.4; Col 1.25).
A ênfase está no serviço como ação; algo que fazemos por alguém.
2.
O
outro aspecto é representado pela palavra doulos. É traduzida pela palavra
portuguesa, “servo”. (Ef 6.6; 1Pe 2.16). Doulos enfatiza a ideia de submissão.
Dizia Spurgeon: “Os primeiros santos se deliciavam em
considerar a si mesmos como absoluta propriedade de Cristo, comprado por Ele, e
estando totalmente ao seu dispor”. Continua ele: “Paulo foi além, ao se
regozijar por ter em si as marcas de seu mestre”. Paulo disse: “Desde agora ninguém me inquiete; porque
trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”. Ai estava o fim de todo
debate: Ele pertencia ao Senhor. Ele obedecia ao Senhor sem restrição, pois era
um escravo do Senhor Jesus.
Porém, doulos, tem apenas um significado claro: “escravo”.
Alguém que pertence a um senhor. Os escravos de Cesar eram chamados cesarianos,
enquanto os escravos de Cristo foram pela primeira vez, em Antioquia da Síria,
chamados cristãos (At 11.26).
Em nossas Bíblias a palavra doulos é traduzida como “servo”.
Mesmo que os deveres de um servo e de um escravo possam ser coisas em comuns,
há uma grande diferença entre um e outro: O servo é contratado; o escravo é
comprado. Tornando-se propriedade de seu Senhor (1Pe 1.18,19; 1Co 6. 20).
O que
é então ser um cristão?
a.
É
ser um seguidor incondicional de Jesus Cristo (Jo 10.27; Lc 9.23);
b.
É
ter uma afeição por Jesus, fidelidade, submissão a Cristo e a sua Palavra (Jo
8.31; 15.14; 12.26);
c.
É
dizer ao mundo que: tudo a nosso respeito, inclusive nossa identidade,
encontra-se em Cristo, porque temos negado a nós mesmos para segui-lo (Fil
1.21; Gal 2.20). “... e vivo, não mais
eu, mas Cristo vive em mim”.
d.
É
ter marcas tão profundas e claras, que alguém olhando, identifique logo que
somos cristãos. Não somente no exterior, mas nas atitudes, obras: fé, amor,
perdão, compaixão, santidade, fidelidade, atitude, palavra, trato, pureza, etc.
(Mt 26.73; At 4.13).
e.
O
servo pode pedir a conta e ir embora, o escravo não, pois ele é propriedade.
PRECISAMOS APRENDER A SER SERVOS COM JESUS
“Porque o Filho do Homem também não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”
(Mc 10.45).
Aprender a servir é aprender a ser como Jesus. O espírito de
serviço e o espírito de Cristo estão interligados, visto que Cristo foi um
servo (Mt 11.29). Jesus está nos dizendo: Submetam às minhas instruções.
Os discípulos falaram para Jesus: “Despede-os, para que vão aos campos e aldeias circunvizinhas e comprem
pão para si, porque não têm o que comer” (Mc 6. 36); ao que Jesus lhes
responde: “... Dai-lhes vós de comer...”
(Mc 6.37).
Jesus amava servir as pessoas, fosse purificando um leproso,
curando um cego, abraçando criancinhas, salvando um pecador, ensinando a
multidão. Ele era incansável em seu ministério. Tanto trabalhava que dormia no
barco, enquanto atravessavam o mar da Galileia. Isso nos empolga e nos encanta.
Mas, de nada vale, se nós permanecemos intocáveis em nossas casas, e não
servirmos como Jesus serviu. O segredo da felicidade não está em ser servido,
mas em servir. Melhor coisa é dar do que receber (At 20.35).
AS PROFECIAS SOBRE O MESSIAS COMO SERVO NO AT
a. O caráter do Servo (Is 42.1-7);
b. A missão do Servo (Is 49.1-9);
c. A disciplina do Servo (Is 50. 4-9);
d. O sofrimento do Servo (Is 52. 13 –
53.12).
Não haverá tempo para discorrer sobre todos estes textos
sagrados. Conter-me-ei em falar sobre o Caráter do Servo do Senhor.
a.
“Eis aqui o meu Servo...”. Nos fala que o
Servo é propriedade de Deus. O texto diz que Deus o Pai, tem autoridade sobre o
Servo. Jesus jamais fugiu disso. Nunca ele quis fazer a sua vontade, mas a do
Pai (Lc 22.42; Jo 4.34) Veja somente no capítulo 17 de Joao, quantas vezes
Jesus chama Deus de Pai. Mostrando assim completa submissão do Filho ao Pai.
Aprendamos a submissão ao Senhor Jesus, assim como ele foi submisso ao Pai (Sal
100.3; Tt 2.14).
b.
“... a quem sustenho,...”. A força do
Servo não vinha dele próprio, mas vinha do Pai (Jo 14.10). Dizia Paulo: “Posso todas as coisas naquele que me
fortalece” (Fil 4.13), Ler (Ef 6.10; 2Tm 2.1). Os discípulos aprenderam que
nada podiam fazer sem Jesus (Jo 15.5).
c.
“... o meu Eleito...”. Esse foi o
propósito, redimir a humanidade. Ele veio para salvação do homem (1Jo 4.14; Jo
3.16). Ele disse que a sua comida era fazer a vontade daquele que o enviou e
realiza a sua obra (Jo 4. 34). Paulo disse: “..., sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fil 2. 8b). Nós
devemos aprender com Jesus, que também fomos eleitos para uma missão. Jesus
disse: “Assim como tu me enviaste ao
mundo, também eu os enviei ao mundo” (Jo 17. 18). As experiências de Paulo
durante a tempestade ilustra bem esse princípio (At 27. 23).
d.
“..., em quem se compraz a minha alma...”.
Deus demonstra que está satisfeito com a obra é o caráter do seu servo (Mt
3.17; 17.5). A igreja de Tessalônica era uma igreja que dava prazer ao
apóstolo, e certamente ao Senhor Jesus (1Ts 1. 6-9). Vejamos ainda Hebreus 6.
7-11.
e.
“...; pus o meu Espírito sobre ele...”.
Esse evento marcou o inicio do ministério do Servo Jesus Cristo (Lc 3.21,22). O
Pai satisfeito e o Espírito descendo para ungir. A satisfação e a unção estão
sempre juntas. Assim como Jesus, nós precisamos desse poder. Quando os
discípulos receberam a comissão, receberam também o poder do Espírito Santo (At
1.8). Não podemos fazer a obra do Senhor apenas com recursos humanos. Não
podemos trabalhar com equipamento imponente, organização excelente, e força
deficiente. Temos aqui o exemplo de Davi vencendo Golias no poder do Espírito
de Deus ( 1Sm 16.13; 17.10,11, 32-37, 47). De que vale um possante carro sem
combustível? Como disse um homem de Deus: “ou a igreja passa por avivamento, ou
passará por um sepultamento”.
ELE NOS ENSINA SOBRE A GLORIA DO SERVIÇO
a.
“Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir
sua voz na praça” (Is 42.2). Serviço
de autonegação. Não se autopromoveria. Não procuraria reconhecimento. Como ele
foi diferente dos homens de Hoje! Poucos desejam que suas realizações
permaneçam no anonimato (Lc 23. 8,9). Ele disse que era manso e humilde de
coração (Mt 11.29). Sabemos que a humildade não é um caminho fácil! Mas, a obra
que se nega a si própria é obra semelhante à de Cristo (Fil 2.8).
b. “A
cana trilhada não quebrara, nem apagará o pavio que fumega;...” (Is 42.3).
O trabalho em favor dos outros. As pessoas são essas canas trilhadas, feridas,
carregando as cicatrizes da vida. Há líderes que em vez de curar as canas, eles
quebram as canas. Jesus, o servo perfeito, nunca agiu assim. Vejamos o exemplo
de como Ele tratou a João Batista (Mt 11.1-5), e a Pedro (Jo 21. 15-17). Veja
como Paulo tratou Onésimo (Fm 1. 10-21).
Temos muita necessidade do ministério de cura
às “canas” feridas. Vidas dilaceradas, lares desintegrados. Precisamos de engessadores
de canas trilhadas e acendedores de pavios fumegantes (Mt 12.15-21).
c. “Não
faltará, nem será quebrantado...” (Is 42. 4a). Isso significa o seguinte:
Aquele que não quebra, não será jamais quebrado, e aquele que não apaga, não
será jamais apagado. Ninguém conseguiu apagar a luz de Cristo, ele permaneceu
como a cana inquebrável. Tentaram, mas não conseguiram (Lc 7. 39-50; 11. 53,54).
O que todos podiam ver nele era apenas graça e gloria (Jo 1.14). Que belo exemplo
de servo para todos nós!
CONCLUSÃO
Principio a conclusão desse relevante assunto com a palavra
do apóstolo Tiago, que disse: “A religião
pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas
nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27). Isso é
servir! Quem gosta de visitar órfãos e viúvas, principalmente estando-os em
tribulação? Mas, esta é a religião pura e imaculada.
Escutemos também ao profeta Isaias: “Porventura, não é este jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da
impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livre os
quebrantados, e que despedaces todo o jugo? Porventura, não é também que
repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E,
vendo o nu, o cubras e não te escondas daquele que é da tua carne? Então
romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua
justiça irá adiante da tua face, e a gloria do Senhor será a tua retaguarda”
(Is 58. 6-8).
James C. Hunter, em seu livro: Como se tornar um líder
servidor, ele cita Martin Luther King Jr. Quando disse: “Você não precisa ter
um diploma de faculdade para servir. Não é fundamental conhecer a segunda lei
da termodinâmica na física para servir. Só precisa ter um coração generoso e
uma alma movida pelo amor”.
Os fariseus tinham religiosidade, aparência de piedade, mas,
faltava-lhes o mais importante: a misericórdia. Somente serve ao próximo que
tem misericórdia (Os 6.6; Mt 23.23).
Amados companheiros, ainda há tempo de tornarmos líderes
servidores como Jesus. Esquecendo-nos de nós mesmos, e nos dedicando cada dia
mais no serviço cristão, seja na oração pelos irmãos, seja na ajuda aos
necessitados, seja na ministração da Palavra de Deus, seja na visitação aos
enfermos. Cabe aqui uma máxima bem conhecida de todos: “Quem não vive para
servir, não serve para viver”. Abraham Lincoln disse: “Quando eu faço o bem, me
sinto bem”. Que o Senhor nos use.
Do vosso conservo em Cristo Jesus
Pr Daniel Nunes da Silva
Estudo esboçado, a partir da leitura do livro: Ele Humilhou-se a Si Mesmo, de Kenneth C. Fleming, Editora Vida.
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