“Porque não me envergonho do evangelho de
Cristo, pois é pode de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego” (Rm 1.16).
Quero deixar ciente que não sou
adepto do evangelho da prosperidade. Aquele evangelho de que tudo tem que dar
certo, senão você está em pecado. O evangelho que você “decreta” e Deus se
torna obrigado a fazer, porque você, o “senhor súdito” (incoerência), decretou,
e a Ele, não resta outra coisa a fazer, senão realizar a ordem dada pelo
súdito. Isso é muito mais que um absurdo; é uma afronta a soberania do
Todo-Poderoso.
O Evangelho da prosperidade, que também
é o evangelho da confissão positiva, onde os seus propagadores ensinam, que
basta falar, para que as coisas aconteçam. Onde basta “amarrar ao diabo”, e
está tudo resolvido. Mas, parece que estão amarrando com cordas fracas, pois, “amarram,
amarram”, e o bicho continua solto.
Mas, quero deixar ciente também, que
não sou adepto daquele evangelho da tortura. Daquele evangelho que precisa
estar sofrendo para ser evangelho. Que é preciso ser doente, ser pobre, ser
humilhado para que de fato esteja vivenciando o evangelho.
Nós vamos encontrar uma igreja
primitiva, onde o evangelho era vivido em toda a sua inteireza, e que a Bíblia
diz: “Não havia, pois, entre eles
necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as
depositava aos pés dos apóstolos. E repartiam-se a cada um, segundo a
necessidade que cada um tinha” (At 4. 34.35).
Eu creio em um evangelho que muda a
vida do ser humano por completo. Quantos homens, que antes de serem crentes,
viviam caídos no vício da embriagues, da prostituição, e, por isso mesmo,
viviam uma vida miserável financeiramente falando. Seus filhos viviam comendo resto
da casa dos outros. Mas, no dia que tiveram um encontro com Jesus, além de suas
almas serem salvas e redimidas do pecado que os atormentavam, ainda tiveram
suas vidas social mudada.
Não podemos esquecer que a palavra
empregada para salvação, do grego “soteria”, entre outros significados, nos
fala de resgate, segurança, salvação, saúde, libertação. Todos nós sabemos que
a missão principal do Salvador Jesus Cristo, é libertar e resgatar o homem de
seus delitos e pecados. Porém, o evangelho é muito mais amplo que isso. O
individuo que crê no evangelho de Jesus Cristo, ganha uma nova comunidade, uma
nova família, como disse Paulo: “Assim
que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da
família de Deus”(Ef 2.19). Ganhando uma família, ele passa a usufruir de
alguns privilégios que antes ele não tinha. A sua vida começa a mudar em todos
os sentidos.
Alguém pode dizer: Mas Jesus disse
que no mundo tereis aflições, citando João 16.33. Isso é a mais cristalina
verdade! Quem é que está dizendo que no mundo não teremos aflições? O rico tem
aflição, o pobre tem aflição, o assalariado tem aflição, o agricultor tem aflição,
o médico tem aflição, enfim: não importa a classe social do sujeito, ele
nasceu, vai passar por muitas aflições. Mas veja o que disse o Salmista Davi: “Muitas são as aflições do justo, mas o
Senhor o livra de todas” (Sal 34.19). Vamos passando pelas aflições da
vida, até aquele dia, em que o Senhor nos libertará desse tabernáculo terreno,
e descansaremos para sempre nos braços de nosso amado redentor.
O evangelho que eu não me envergonho,
é poder para salvar, para curar e resgatar o homem das correntes do inferno. É
o evangelho que muda a vida do pecador, de servo do pecado em servo do Senhor
Jesus. Ele vai continuar sendo servo, vai mudar apenas de Senhor. Antes, o seu
senhor era o pecado, que o destruía, e finalmente ele pagaria com a morte e
morte eterna. Agora ele é servo do Senhor Jesus, que o abençoa com toda sorte
de bênçãos espirituais. Conduz-lhe em vitórias, e finalmente lhe dará o céu
como herança.
O evangelho que eu não me envergonho,
não é nem o da prosperidade, nem o da tortura, o da miséria ou da fome. O preço
que tinha que ser pago, Jesus já pagou na cruz do calvário (Jo 19.30). Não é
preciso mais que vivamos na miséria para sermos salvos, nem tampouco carregar
uma cruz de sofrimento pelo resto de nossas vidas. A cruz que precisamos
carregar é a cruz da renuncia de nós mesmos (Lc 9.23).
Concluo dizendo que não há uma regra
para ser pregada quanto a prosperidade financeira. A um, Jesus disse: “...se queres ser perfeito, vai, vende tudo o
que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me” (Mt
19.21). A outro ele disse “... Em verdade
vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai,
ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que
não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e
mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna”
(Mc 10. 29,30).
Deus sabe até a quem ele pode dar! Há
alguns que se ele der um pouquinho a mais, já vai querer pisar em seu próximo.
Então, ele o mantem com pouco, e fiel. Há outros, que ele pode encher de bens,
riquezas e tudo mais, que vai permanecer como Abraão, que a Bíblia diz: “E era Abrão muito rico, em gado, em prata e
em ouro” (Gn 13.2). Contudo, o patriarca seguia firme servindo a Deus, e foi até ao fim.
O evangelho de nosso Senhor Jesus
Cristo, é sem sombra de dúvida, a maior benção que o homem pode receber. Pois
além de salvar a sua alma do inferno, traz o pecador arrependido aos pés de
Cristo, proporciona-lhe a oportunidade de servir a Deus, fazer parte do corpo
de Cristo que é a igreja, ser templo do Espírito Santo, receber direção em sua vida,
em todos os sentidos, quer sejam: espiritual, social, familiar, financeira,
moral, etc. do maior professor de todos os tempos que é o Espírito Santo (Jo
16.13; Rm 8.14), por fim, recebe a vida eterna para viver e gozar ao lado de
Jesus: “E, se eu for e vos preparar
lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver,
estejais vos também” (Jo 14.3).
O evangelho que eu não me envergonho,
não é o evangelho do oba, oba. O evangelho das multidões, avidas por milagres
apenas para o corpo. Avidas apenas pelo apartamento, pelo carro, pela fazendo
cheia de gado, e pelos bens materiais. O evangelho que não me envergonho, é
aquele que pode tudo, mas, que não está preso aos caprichos do homem, senão, aos
planos eternos do Todo-Poderoso. O evangelho do Cordeiro de Deus que foi morto
antes da fundação do mundo. O evangelho do Deus que abençoa, mas também o que
se aborrece com o pecado. O Deus que ama, mas também o que corrige. O Deus que
socorre, mas também o que açoita aquele que toma por filho (He 12.6). O Deus
que salva, mas também o que lança a alma do pecador impenitente no inferno (Mt
10.28).
Aceitemos de coração o Evangelho vivo
e verdadeiro de Jesus, pois em Nenhum outro há salvação, a não ser nEle, e por Ele: JESUS (At 4.12).