“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento,
mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganancia, mas de boa
vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos
modelos do rebanho” (1Pe 5. 2,3).
Pedro recebeu do próprio Mestre, o Senhor Jesus Cristo, a ordem para ser um pastor de ovelhas. Quando, às margens do lago de Genesaré, após
a ressurreição do Salvador, os discípulos sob o comando de Pedro, voltam a antiga
profissão de pescar peixes. Más, o que eles não esperavam, é que Aquele, que os
havia chamado há três anos antes, não tinha desistido deles. Parece que Pedro havia se esquecido,
que Jesus tinha dito: “... Não temas: de agora em diante serás pescador de homens” (Lc 5. 10).
Aquela manha foi diferente! Jesus aparece as margens do lago de Tiberíedes, manda que
lancem a rede do lado direito do barco. A pesca foi tremenda. Cento e cinquenta
e três grandes peixes foram apanhados. Quando chegam à beira do mar, Jesus já
tinha pão e peixe assados na brasa. Que providencia do Mestre! Jesus estava
ensinando ao seu colégio apostolar, que quem trabalha para ele com um coração
sincero, não tem falta de nada (Sl 23). Ali, Pedro, por três vezes é chamado a
pastorear o rebanho do Senhor. Ninguém sabia mais dessa sublime missão que
Pedro. Foi Pedro que encarou aquele olhar sincero, amoroso, mas também perscrutador de Jesus, no momento que perguntava: "Pedro, tu me amas mais do que estes?" (Jo 21.15). Ninguém tinha maior convicção que Jesus chama homens específicos para
pastorear que Pedro. O amor do pastor tem que ser maior do que todos!
Portanto, Pedro nos diz: “Pastoreai o rebanho de Deus”. Nunca devemos pensar que o rebanho é
nosso. O rebanho é de Deus. Foi comprado com o sangue dele (At 20.28). Pedro,
como em um jogo de antítese, nos mostra como não devemos e como devemos
pastorear:
1.
Não por
constrangimento. Não forçado. Quer dizer, o nosso pastorado deve ser
desenvolvido com leveza e voluntariedade. Ninguém que é verdadeiramente chamado
vai dizer que só está no ministério porque não tem outra coisa que fazer. De
maneira nenhuma! Ele sabe o valor e a estima de ser um ministro chamado por
Deus para pastorear o seu rebanho aqui na terra. Obreiro que vive se queixando, murmurando e
reclamando do serviço, deveria mesmo procurar outra coisa para fazer, pois isso é uma prova que não existiu a verdadeira chamada para o santo ministério. Paulo,
mesmo em meio as grandes lutas ministeriais, entusiasmava aos irmãos em Filipos,
dizendo: “Regozijai-vos no Senhor” (Fl 4.4). Após contar dos seus sofrimentos na segunda carta aos Corintios, Paulo termina dizendo assim: "Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas" (2Co 11.28). O apóstolo dos gentios nos deixa o exemplo, para que, sem importar com as coisas que nos assolam exteriormente, devemos ter sempre o cuidado da igreja do Senhor.
2.
Mas espontaneamente.
É assim que um servo chamado desenvolve o seu ministério: de boa vontade. Ele se
alegra em estar fazendo a obra do Senhor. Não se orgulha, mas, sente-se honrado
por ter sido chamado para tão grande e relevante tarefa.
3.
Nem por sórdida
ganancia. Quantos obreiros que atualmente somente estão em frente a trabalho,
pensando no dinheiro. Visando o lucro. Fazem da sua função pastoral apenas um emprego, ou uma profissão. Estão como Balaão, que, não importava
para quem trabalhava, se para o povo de Deus, ou para um de seus inimigos, queria o lucro. Para tais obreiros, Pedro também tem uma
mensagem dura que diz: “Abandonando o reto caminho do
Senhor, se extraviaram, seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o
prêmio da injustiça” (2Pe 2. 15). Aqueles que trabalham por ganancia
desonestas, receberão o prêmio da injustiça. Quantos que mentem, enganam e
trapaceiam com o dinheiro da igreja, apenas para terem maiores lucros? Quantos
que pregam apenas por dinheiro? Quantos que tudo o que fazem na obra do Senhor,
é apenas pensando no lucro? São os adoradores de Mamom. Mas Jesus disse: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. O Senhor prometeu que seus servos não teriam falta de
nada. Aqueles que confiam no Senhor, não precisam estar preocupados em demasia com as
coisas daqui, pois, como disse Jesus: “... Decerto vosso
Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (Mt 6. 32). Quem cuida de
seus obreiros é o Senhor!
4.
Mas de boa
vontade. Esse é o jeito certo de pastorear. O obreiro que trabalha para Jesus de boa vontade, não se
esquiva de sua tarefa. Ele sabe quem o comissionou. Ele sabe para quem está trabalhando.
Sabe que seu galardão é certo. Disse Paulo: "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra" (2Tm 2. 4).
5.
Nem como
dominadores do rebanho. O pastor não é um ditador. Não é para as ovelhas terem
medo do pastor, mas sim terem confiança, respeito e amor.
6.
Sendo modelo, ou
exemplo do rebanho. Não devemos ser pastores do tipo: “faça o que eu mando, mas
não faça o que eu faço”. Na carta aos Hebreus está escrito: “Lembrai-vos dos vossos pastores, os quais
vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida,
imitai a fé que tiveram” (He 13.7). E disse mais: “Obedecei a vossos pastores e sede submissos para com eles; pois velam
por vossa alma, como quem deve prestar contas...” (He 13.17). O pastor
chamado por Deus, vai a frente do rebanho, sempre dizendo como Paulo: “Sede meu imitadores, assim como eu de
Cristo” (1Co 11.1).
O pastor não foi chamado para viver enredado com as coisas daqui. O pastor deve se desvencilhar de tudo aquilo que o atrapalha
prestar um serviço por excelência a Deus. Pode ser um trabalho secular, uma
profissão, viagens, quem sabe até familiares. Quem mais impediu no princípio da caminhada de Abraão, para que não cumprisse inteiramente os planos de Deus, foram seus próprios familiares. Primeiramente seu
pai, depois o seu sobrinho Ló.
Quantos pastores, que se prendem em coisas desta
terra, e o trabalho do Senhor é feito fraudulosamente. O que é fazer o trabalho
do Senhor fraudulosamente? É fazer a obra com fraude. Quer dizer: faz de conta
que está fazendo, mas não faz. Faz de conta que trabalha, mas não trabalha.
Quantos que se aproveitam da função pastoral para dormir até tarde do dia. Quantos
que aproveitam da função pastoral, já que não tem patrão lhes olhando, para
viverem somente viajando, caçando, pescando, na internet bisbilhotando a vida
dos outros, trocando carros, fazendo negócios, muitos vezes até negócios escusos, com
mentiradas e falcatruas.
Mas Pedro nos diz, que aos verdadeiros chamados e que
se esforçam para fazerem a obra do Senhor com excelência, receberão a imarcescível
coroa de gloria. Você pensa amado companheiro que não temos patrão nos olhando?
Pensa que ninguém nos vê e nem prestaremos conta do nosso serviço? Prestaremos
sim. Um dia, o Sumo Pastor, que também é Senhor, pedirá conta de nosso serviço, e aqueles que
trabalharam bem, ouvirão a sua voz dizendo: “Bem está, servo bom e fiel, sobre
o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei”, mas aos que trabalharam
empurrados, forçados, por torpe ganancia, o Senhor vai dizer: “Mau e negligente
servo, sabias que eu ceifo onde não plantei, e ajuntou onde não espalhei?
Devias ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, que pelo menos eu receberia com
juros. Amarrai os seus pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores, e ali
haverá pranto e ranger de dentes”.
Que servo temos sido? Quem tem ouvido ouça o que o
Espírito diz as igrejas.