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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O QUE FALEI SOBRE ARMINIANISMO NA ABERTURA DO NÚCLEO DE ESTUDO NA AD EM CAMPINA GRANDE


Nasci arminiano sem saber

Eu sou arminiano de nascimento, mesmo, muito antes de saber o que era ser um arminiano. Nasci crendo que Jesus quer salvar a todos os pecadores, mesmo sabendo que nem todos serão salvos. Mas a culpa não é do Salvador, mas do homem que rejeita a tão graciosa salvação oferecida gratuitamente por Deus. Por isso mesmo, eu não tinha nenhuma vocação para seguir outra linha evangélica a não ser o arminianismo.
Versículos como: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23); “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28); “Que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4); “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1Tm 4.10) e uma série de outros, me davam base para crer no desejo de Deus em salvar o mundo inteiro de fato, e não apenas para querer impressionar a todos e salvar alguns.
Outro fato que fez crer no desejo de Deus em querer salvar a todos os homens, foi à figura do meu pai terreno. O meu pai, pastor Sebastião Nunes da Silva, foi sem dúvida o melhor pai do mundo. E não é por se tratar de meu pai não. Ele de fato era um mar de amor. Corrigia aos filhos, mas sempre no intuito de velos acertarem o caminho que os levaria a vitória. Pensava eu: Se meu pai, terreno, pecador, finito, tem todas essas característica de bondade e desejo de ver todos seus filhos salvos, imagina Deus, nosso Pai celeste! Cada vez mais me tornava um arminiano sem nunca ter lido sobre Jacó Armínio.





Também nasci pentecostal

Com três meses de idade, minha mãe já me levava para as vigílias. Esses trabalhos eram realizados em barracões feitos de lonas e madeiras no interior do Paraná. Por causa do frio, no chão se colocava serragem, para ficar mais macio e quentinho para se ajoelhar. Cresci ouvindo barulhos de gloria a Deus, aleluia, muitos louvores e línguas estranhas. Logo me apaixonei pelo livro de atos dos apóstolos. Disparadamente o livro da Bíblia que mais li em toda a minha vida. Desde muito cedo já falava em línguas concedidas pelo Espírito Santo.
Arminianismo e pentecostalismo: uma mistura que desde o principio da igreja deu muito certo. Pedro pensava que Jesus somente queria salvar os judeus, até que teve a revelação no porto de Jópe (At 10.10-15,34-48). Nessa leitura podemos aprender duas coisas simultaneamente: Que Deus quer salvar a todos, e, que o salvo de qualquer nação pode ser batizado com o Espírito Santo e falar em outras línguas.

Vendo o arminianismo de perto

Quem foi Jacó Armínio? Holandês, de uma inteligência rara e privilegiada e uma fé inabalável. Nasceu em 1560 e viveu até 1609. Faleceu com 49 anos de idade, e, seu biógrafo relata que mesmo em meio a dores agudas, ele não perdia a alegria de sempre. Na hora de sua morte, entregou seu espírito a Deus, enquanto cada um dos espectadores exclamava dizendo: “Oh minha alma, permita que eu morra a morte dos justos”. Armínio morreu, mas deixou um enorme legado para as gerações futuras.


FAMILIARIZANDO COM AS PALAVRAS


1.     Arminianismo. Sinônimo de teologia arminiana. Não é um movimento, mas uma perspectiva acerca da salvação. Não há uma sede do arminianismo, pois não está associado a nenhuma organização. Sempre que for usado o termo arminianismo, significará aquela forma de teologia que rejeita a eleição incondicional (e, principalmente a reprovação incondicional), expiação limitada e graça irresistível. O Arminianismo afirma que pelo seu caráter, Deus é compassível, possuindo amor universal por todo o mundo e todos no mundo, e concedendo livre arbítrio restaurado pela graça para aceitar ou rejeitar a graça de Deus, o que conduz a salvação eterna ou a perdição eterna.

2.     Arminiano. Aqueles que seguem a teologia cristã defendida por Jacó Armínio. Há dois tipos de arminiano: Os arminianos de cabeça e os de coração.

Os arminianos de Cabeça dão ênfase no livre arbítrio fundamentado na razão, negam a depravação total do homem, e negam também a necessidade da graça sobrenatural para a salvação. Tornaram-se pelagianos ou semipelagianos.
Os arminianos de coração são os originais, vindo de Armínio, de Wesley e dos primeiros remonstrantes. Eles não negam a depravação total, e ensinam a necessidade da graça primária, preveniente para a primeira boa vontade para com Deus.

3.     Sinergismo evangélico. É a doutrina cristã de que, através da graça preveniente, o homem, após ter o livre arbítrio liberto, pode ser cooperante na salvação; quer dizer: pode escolher em aceitar ou rejeitar a graça de Deus.
O sinergismo é uma doutrina que já era ensinada pelos pais da igreja. Orígenes de Alexandria, que viveu no II e III Século da era cristã, considerava o processo da salvação sinérgico, enfatizando a livre participação da pessoa humana e também a total necessidade da graça de Deus na salvação. Para Orígenes, a graça de Deus permite ao ser humano dar uma resposta, não coagida, mas sim espontânea a salvação oferecida por Deus.
Quando falamos do sinergismo evangélico, é porque existe o sinergismo herético ensinado por Pelágio da Grã-Bretanha, nascido em 350, que negava o pecado original, e elevava de tal maneira as habilidades humanas, a ponto de ensinar que o homem podia, por si só, viver uma vida de santidade completa.

Norman Geisler, em seu livro Eleitos, mas livres, escreve dizendo: “A graça de Deus opera sinergicamente com o Livre Arbítrio. Isto é, a graça deve ser recebida para ser eficaz; Não há quaisquer condições para que a graça seja dada, mas há uma condição para que ela seja recebida – a fé. Em outras palavras, a graça justificadora de Deus trabalha cooperativamente, não operativamente. A fé é a pré-condição para se receber o dom da salvação” (P. 276).

4.     Graça preveniente – Graça que precede e capacita os primeiros indícios de uma boa vontade para com Deus. William Burt Pope dá-nos talvez a melhor e mais completa ideia da obra do Espírito através da graça preveniente, definindo-a: “como a única e eficiente causa de todo bem espiritual no homem: do começo, da continuação e da consumação da religião na alma humana. A manifestação da influência divina que precede a plena vida regenerada, não recebe nenhum nome especial na Escritura, mas ela é descrita de tal maneira que garante a designação usualmente dada a ela de Graça Preveniente”.
Roger E. Olson, em seu livro Teologia Arminiana, Mitos e Realidades, escreve: “A graça preveniente é a doutrina arminiana essencial, que os calvinistas também acreditam, mas os arminiano interpretam-na diferentemente. A graça preveniente é simplesmente a graça de Deus convincente, convidativa, iluminadora e capacitadora, que antecede a conversão e torna o arrependimento e a fé possíveis” (P. 45).

5.     Monergismo: Ao contrario do Sinergismo, o monergismo significa principalmente que Deus é a única agencia determinante na salvação. Não há cooperação entre Deus e a pessoa que está sendo salva. O grande problema dos monergistas, que dizem que todas as coisas estão sob o rígido controle de Deus, e é Ele que determina tudo de antemão, é explicar se foi Deus que fez que Adão pecasse. Quer dizer, foi Deus o causador do pecado? Porque, se foi Deus o causador do pecado, então Adão não tem culpa alguma, simplesmente ele fez o que já estava determinado.
6.     Remonstrantes: Foram chamados de remonstrantes, cerca de 43 teólogos, que após a morte de Armínio, apresentaram em 1610 para uma conferencia de líderes da igreja e do estado em Gouda, Holanda, para explicar a doutrina arminiana. O foco principal estava na doutrina da salvação.

      Vou repassar, assim como Roger Olson escreveu em seu livro, Teologia Arminiana, mitos e realidades.
1.   Que Deus, por um decreto eterno e imutável em Cristo antes que o mundo existisse, determinou eleger, dentre a raça caída e pecadora, para a vida eterna, aqueles que, através da graça. Creem em Jesus Cristo e perseveraram na fé e obediência; e que, opostamente, resolveu rejeitar os inconversos e dos descrentes para a condenação eterna (Jo 3.16).
2.   Que, em decorrência disto, Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que Ele obteve, pela morte na cruz, reconciliação e perdão pelo pecado para todos os homens; de tal maneira, porém, que ninguém senão os fiéis, de fato, desfrutam destas bênçãos (Jo 3.16; 1Jo 2.2).
3.   Que o homem não podia obter a fé salvífica de si mesmo ou pela força de seu próprio livre-arbítrio, mas se encontrava destituído da graça de Deus, através de Cristo, para ser renovado no pensamento e na vontade (Jo 15.5).
4.   Que esta graça foi a causa do inicio, desenvolvimento e conclusão da salvação do homem; de forma que ninguém poderia crer nem perseverar na fé sem esta graça cooperante, e consequentemente todas as boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Todavia, quanto ao modus operandi desta graça, não é irresistível (At 7.51).
5.   Que os verdadeiros cristãos tinham força suficiente, através da graça divina, para enfrentar Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e a todos vencê-los; mas que se por negligencia eles pudessem se apostatar da verdadeira fé. Perder a felicidade de uma boa consciência e deixar de ter essa graça, tal assunto deveria ser mais profundamente investigado de acordo com as Sagradas Escrituras.


Sendo assim, amados, nós mostramos para os amados alunos, que de fato, Deus quer salvar a todos os homens, e que o plano de Deus está em Cristo. Tudo em Cristo, tudo nele, e sem Ele não há salvação (At 4.12).

1 comentários:

Unknown disse...

perfeito. simples assim.

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