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sábado, 22 de janeiro de 2011


Por Daniel Clós Cesar



Existe uma porta estreita. Não há um único cristão que negue isso. Qualquer um, por mais "perdido" que esteja, conhecendo a doutrina (ainda que não creia em doutrina) tem essa informação... ainda que não entenda o que isso quer dizer... ele sabe... para entrar, precisa passar pela porta... e ela é estreita.

Mas e o caminho que conduz até essa porta?

Aparentemente, parece que Jesus está contrariando a própria Palavra, pois afinal, não disse o salmista e rei Davi: "o caminho de Deus é perfeito...", não apenas uma, mas duas vezes? (Sl 18.30, 2 Sm 22.31)

Ahã! sabia seu legalista... você já estava querendo aplicar doutrina puritana para cima de nós!

Não... isso não é necessário. Cada um recebe do Senhor justa medida.

Mas também, claramente, o mesmo rei e homem segundo o coração de Deus escreveu: "Deus é a minha fortaleza e a minha força e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho." (2 Sm 22.33)

Jesus não está dizendo que o caminho é imperfeito. Ele está dizendo que o caminho é apertado. Mas conforme tudo aquilo que foi preparado por Deus desde os tempos que não se podem contar... é perfeito.

Acontece que como todas as coisas que homem tem dificuldade para se ajustar, o caminho preparado por Deus também parece imperfeito aos olhos do homem. Assim, o caminho de Deus perfeito - ao homem - é espaçoso, pavimentado e na descendente.

Acontece que aquilo que Deus considera perfeito, obviamente, não é o que consideramos nem mesmo bom. Nosso padrão de perfeição, tão defeituoso e cheio de preconceitos desde sua origem é mais facilmente assimilado, afinal, nós mesmos o idealizamos e construímos.

Assim, o caminho proposto por Cristo torna-se inadequado... mantemos a porta onde ela está, afinal, ela está no final do caminho, mas quanto ao caminho em si... não... eu não posso deixar toda essa vida passar privando-me de, uma vez ou outra, girar sobre o meu próprio eixo... e me parece, daqui de onde vejo, que nesse caminho mal dá para se mexer.

O caminho precisa ser suficientemente largo para que eu, durante minha vida de pecador, possa usufruir dos prazeres do pecado e dos benefícios da Graça... aí sim... esse caminho será perfeito. Aí sim eu serei livre.

Isso porque o entendimento de liberdade do homem não parte da perspectiva de Deus, mas da perspectiva do próprio homem.

Se realmente entendêssemos a assertiva do apóstolo Paulo: "onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2 Co 3.17) compreenderíamos que a liberdade que gozamos como escravos da justiça, com acesso direto ao santíssimo pela destruíção do véu, não nos dá nenhum prazer em virar para esquerda ou direita... não nos importaríamos de caminhar no tão apertado caminho... pois nosso alimento, nossa vontade, nossa vida... seria fazer a Sua vontade.

Lamento primeiramente por mim... que acho tão difícil caminhar nesse caminho. Mas agradeço ao Senhor, por cada vez que ele me reconduz... procurando encontrar, no final deste tão lindo caminho, a igualmente bela e estreita porta.


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Daniel Clós Cesar, no Púlpito Cristão

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